Cisjordânia

Colonos atacam cidade palestina no norte da Cisjordânia

Revoltados com o assassinato dos irmãos, mortos a tiros por um atirador palestino, dezenas de colonos israelenses entraram em Huwara atirarando pedras contra as residências

Correio Braziliense
postado em 28/02/2023 06:00
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

Em represália à morte de dois irmãos israelenses, colonos atacaram a cidade palestina de Huwara, no norte da Cisjordânia ocupada, deixando um rastro de destruição. Casas e carros foram incendiados na brutal ação, que deixou um morto e mais de 350 feridos. A ofensiva ocorreu poucas horas depois de uma reunião na Jordânia durante a qual representantes israelenses e palestinos firmaram o compromisso de "evitar novos atos de violência" e buscar formas de acalmar a situação após vários dias sangrentos na região. Em um fato raro, as autoridades israelenses pediram calma aos colonos.

Revoltados com o assassinato dos irmãos, mortos a tiros por um atirador palestino, dezenas de colonos israelenses entraram em Huwara atirarando pedras contra as residências. Não demorou para que começassem a atear fogo em imóveis e em dezenas de veículos. "Queimaram tudo que encontraram pela frente", declarou o morador Kamal Odeh à agência France Presse. "Nem as árvores escaparam", acrescentou.

"Consideramos essas ações como atos de terrorismo", observou um dirigente do exército israelense. Ele relatou que entre 300 e 400 colonos entraram na localidade palestina com desejo de "vingança". Oito pessoas foram detidas — a maioria liberada em seguida, informou a polícia.

Ainda na tarde de domingo, um palestino também foi assassinado a tiros quando as forças de Israel e colonos entraram em Zaatara, outra localidade próxima de Nablus, no norte da Cisjordânia.

O governo israelense classificou a morte dos colonos como um "ataque terrorista palestino". "Queremos segurança, mas a responsabilidade de garanti-la depende exclusivamente do Exército", ressaltou Esty Yaniv, mãe dos dois colonos mortos.

Centenas de pessoas foram aos funerais em Jerusalém. Os caixões dos colonos, carregados por familiares e soldados, estavam cobertos com bandeiras israelenses. "Eu peço que não façam justiça por conta própria e que deixem que as forças de segurança cumpram sua missão", destacou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Na mesma linha, o ministro da Defesa do Estado hebreu, Yoav Gallant, insistiu durante uma visita a Huwara que "não se pode tolerar essa situação, na qual os cidadãos fazem justiça por conta própria".

O episódio teve imediata repercussão internacional. A França criticou o ataque dos colonos e considerou "inaceitável a violência contra civis palestinos". O governo da Alemanha afirmou que é "urgente" trabalhar para "evitar que a situação, já muito tensa, se agrave ainda mais".

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, se somou às condenações dos últimos atos de violência e informou que um israelense morto, ontem, em Jericó, também tinha nacionalidade americana.

O movimento islamita palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, defendeu o combate "ao terrorismo dos colonos". Há quase um ano, o Exército israelense intensifica as operações no norte da Cisjordânia, apresentadas como ações "antiterroristas". Na quarta-feira passada, 11 palestinos morreram em Nablus na incursão militar israelense com o maior número de vítimas na Cisjordânia desde 2005.

Desde o começo do ano, o conflito custou a vida de 63 palestinos, incluindo integrantes de grupos armados, bem como de 11 civis e um policial israelenses, além de uma cidadã ucraniana, segundo contagem feita pela AFP com base em fontes oficiais.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Notícias gratuitas no celular

O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade:

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

CONTINUE LENDO SOBRE