ESTADOS UNIDOS

Políticos republicanos tentam tirar nome de Trump da eleição de 2024

Republicanos buscam respaldo para a vaga de representante do partido na corrida à Casa Branca. Donald Trump e Nikki Haley participam da CPAC, evento que reúne conservadores em Maryland. Ron DeSantis, que resiste a anunciar pré-candidatura, lança memórias

Correio Braziliense
postado em 02/03/2023 06:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Com Donald Trump à frente nas sondagens pré-eleitorais, políticos republicanos investem para tirar do ex-presidente dos Estados Unidos a possível condição de futuro representante do partido na corrida à Casa Branca de 2024. Nesse clima de disputa aberta, o magnata e sua antiga aliada Nikki Haley tentam seduzir milhares de conservadores reunidos nos arredores de Washington para avaliar o desempenho dos aspirantes à sucessão do democrata Joe Biden, que já externou a "intenção de concorrer novamente".

Com quatro dias de duração, a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), que termina no sábado, é uma vitrine nacional não só para líderes já consolidados como para as estrelas em ascensão. O encontro, que termina no sábado, tornou-se conhecido como "a maior e mais influente reunião de conservadores do mundo".

Além dos conservadores norte-americanos, são esperados líderes estrangeiros de direita, entre eles o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições de outubro do ano passado. Apesar da grande visibilidade, no entanto, muitos potenciais candidatos à presidência dos EUA para 2024 não vão participar do evento.

Apontada como a estrela em ascensão do Partido Republicano, o governador da Flórida, Ron DeSantis, não irá a National Harbor, em Maryland, que sedia a convenção. "DeSantis está fustigando a CPAC porque sabe que Trump é dono desse espaço", declarou à agência France Presse (AFP) Rick Wilson, do Lincoln Project, um grupo de conservadores anti-Trump ao qual é atribuído parte do crédito pela derrota do líder republicano em 2020.

Ambições expostas

O governador marcou a semana de outra forma. DeSantis, que resiste a fazer um anúncio oficial de sua pré-candidatura, lançou anteontem seu livro de memórias. O título já mostra que ele pensa além dos limites de seu estado — The Courage to Be Free: Florida's Blueprint for America's Revival (A Coragem de Ser Livre: O Projeto da Flórida para o Renascimento da América, na tradução livre).

"DeSantis está fustigando a CPAC porque sabe que Trump é dono desse espaço", declarou Rick Wilson, do Lincoln Project, um grupo de conservadores anti-Trump ao qual é atribuído parte do crédito pela derrota do líder republicano em 2020. Vice-presidente de Trump, Mike Pence, outro possível pré-candidato, também não irá prestigiar a conferência.

Trump deve discursar no sábado. A expectativa de analistas é que ele reforce o lema Make America Great Again ('Torne os Estados Unidos grandes novamente', na tradução), que o levou ao poder em 2016, abordando segurança da fronteira, porte de armas e outros temas conservadores predominantes. Konrad Petraitis, analista da consultoria de risco estratégico Sibylline para as Américas, prevê que Trump ataque DeSantis por sua proximidade com o establishment republicano.

Em relação a Haley, que atuou como embaixadora do governo Trump na Organização das Nações Unidas, pregue a modernização do Grand Old Party (Velho Grande Partido), defendendo a necessidade de uma nova geração de líderes, livres da mancha do recente fracasso eleitoral e capazes de inspirar o eleitorado.

"Nikki Haley tem que se mover na linha muito tênue entre se diferenciar de Donald Trump e continuar atraindo apoiadores, que ainda constituem a grande maioria dos ativistas da CPAC e os participantes das primárias do Partido Republicano", observou Margaret Susan Thompson, professora de política e história da Universidade de Syracuse. "É um ato de equilíbrio desafiador", acrescentou.

Críticas

Trump anunciou sua candidatura três meses antes de Haley, que o fez em meados de fevereiro, mas sua campanha tem sido criticada pela inércia, falta de uma visão política clara e constantes escândalos que o acompanham. As inúmeras polêmicas em torno do ex-presidente alimentam dúvidas sobre a possibilidade de que siga articulando os republicanos. Os principais candidatos de Trump nas eleições legislativas do ano passado tiveram desempenho bem aquém do esperado. Pesam ainda contra ele várias investigações judiciais.

"Até agora, na maioria de seus comícios e discursos, Trump olhou para trás, concentrando-se na 'eleição roubada' de 2019, em vez do que ele pretende fazer no futuro", afirmou Thompson à AFP. "Do meu ponto de vista, essa não é uma maneira de expandir sua base de suporte." A despeito desse turbilhão, a força do ex-presidente em pesquisas persiste. O magnata supera muitos de seus rivais, como DeSantis e Pence.

Durante a CPAC, os participantes ouvirão mais de 100 oradores, em sua maioria pró-Trump. Tradicionalmente, a conferência termina com uma "pesquisa informal" sobre as preferências para a indicação presidencial republicana. Trump ganhou todas as consultas não oficiais feitas desde sua eleição em 2016, obtendo 69% dos votos no ano passado, contra 24% de DeSantis.

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