China

Em meio a tensões mundiais, orçamento militar chinês cresce

Na abertura da sessão anual do Congresso Nacional do Povo, governo anuncia uma elevação de 7,2% nos gastos com o Exército, e premiê pede que militares estejam "em prontidão de combate". No fim do evento, deve ser formalizada a reeleição de Xi Jiping

Correio Braziliense
postado em 06/03/2023 03:55
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O orçamento da defesa da China, o segundo maior do mundo, atrás dos Estados Unidos, aumentará 7,2% este ano, decidiram os delegados do Congresso Nacional do Povo ontem, no início da sessão anual. A meta dos gastos militares foi anunciada em US$ 222 bilhões (cerca de R$ 1,16 trilhão), a maior elevação desde 2019. Ao fim do encontro, com duração de nove dias, deve ser concedido um terceiro mandato presidencial de cinco anos a Xi Jiping.  

No Grande Salão do Povo, em Pequim, o primeiro-ministro em fim de mandato Li Kequiang afirmou aos quase três mil delegados que "as tentativas de contenção vindas do exterior não param de se intensificar". Em um momento de tensões acentuadas com os Estados Unidos, sobretudo em relação ao futuro da ilha de Taiwan, Ki apelou para que os treinamentos do Exército sejam intensificados e que as forças estejam em "prontidão para o combate".

O primeiro-ministro pediu "medidas decisivas" para se opor à independência formal de Taiwan, ilha autogovernada reivindicada pela China como parte de seu território. Li defendeu uma "reunificação pacífica" entre China e Taiwan, que se separaram em 1949 após uma guerra civil, sem, entretanto, anunciar nenhuma iniciativa.

"Como nós, chineses de ambos os lados do Estreito de Taiwan, somos uma família unida pelo sangue, devemos promover os intercâmbios econômicos e culturais e a cooperação e melhorar os sistemas e políticas que contribuem para o bem-estar de nossos compatriotas de Taiwan", escreveu o premiê em seu relatório de trabalho para a abertura da reunião anual do parlamento.

No cenário internacional, pesam, sobretudo, a tensão com os Estados Unidos e a posição de Pequim sobre a invasão da Ucrânia por parte da aliada Rússia, considerada ambígua pelo Ocidente. Uma disputa com Washington por supostos balões de espionagem, no mês passado, agravou a situação. As autoridades chinesas afirmaram que o artefato, que acabou derrubado por ordem do presidente Joe Biden, tinha fins científicos. No entanto, o episódio abalou as relações entre os dois países a ponto de o secretário americano de Estado, Antony Blinken, cancelar uma visita que faria à China.

Em relação à economia, a China divulgou uma das metas de crescimento mais baixas dos últimos anos, de  5%. Ainda assim, o primeiro-ministro assegurou que "a economia chinesa vive uma sólida recuperação", após três anos de abrandamento do desenvolvimento devido à pandemia e às duras restrições sanitárias aplicadas por Pequim. Em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 3%, um dos piores resultados em 40 anos em um contexto de desaceleração econômica, bloqueios e crise imobiliária.

Novo mandato

Espera-se que no encerramento do Congresso Nacional do Povo, na próxima semana, seja certificada a reeleição de Xi Jiping à frente do gigante asiático. Em outubro do ano passado, o presidente foi confirmado em suas funções à frente do Partido Comunista (PCC). Desde então, o político de 69 anos enfrentou desafios inesperados, com protestos contra a estratégia "covid zero", uma das mais severas do mundo.

Os testes em larga escala e confinamentos prolongados afetaram o crescimento econômico e a vida social e, em novembro, uma série de manifestações estourou pelo país. A política de saúde foi suspensa pouco depois, seguida por uma explosão de contágios e mortes que as autoridades mal noticiaram oficialmente.

"A opinião pública provavelmente não é muito boa sobre Xi Jiping, a política de 'covid zero' abalou a fé das pessoas", opina Alfred Muluan Wu, professor da Políticas Públicas da Universidade Nacional de Singapura. Contudo, o especialista afirma que o presidente ainda tem uma posição muito forte na cúpula do partido, o que o torna virtualmente inquestionável.

Para Christopher Johnson, presidente do China Strategies Group, em vez de ameaçar o poder de Xi, os protestos do ano passado deram a ele exatamente o que estava buscando. "Se abandonar a política de 'covid zero' desse certo, ele poderia dizer que ouviu o povo. Se não desse certo, ele poderia culpar os manifestantes e as 'forças estrangeiras hostis' que seu chefe de Segurança sugeriu publicamente que estavam por trás deles", escreveu em um artigo na revista Foreign Affairs.

As questões associadas à "covid zero" serão certamente deixadas de lado na reunião da Assembleia Popular Nacional, um evento cuidadosamente coreografado que também nomeará Li Qiang, ex-líder do Partido Comunista em Xangai e aliado de Xi, como novo primeiro-ministro. Devem ser abordados assuntos políticos, econômicos e sociais, como a taxa de natalidade, o bem-estar animal, a educação sexual, o assédio on-line e as relações com Taiwan. As reuniões funcionam como fórum para os participantes apresentarem novos projetos, mas têm pouca influência na administração geral da China.

 

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