Defesa

Após 9 meses de espera, Finlândia torna-se oficialmente o 31º país-membro da Otan

O presidente dos EUA, Joe Biden, celebrou a adesão e disse estar ansioso em ver o mesmo ocorrer com a Suécia

Rodrigo Craveiro
postado em 05/04/2023 06:00
 (crédito: John Thys/AFP)
(crédito: John Thys/AFP)

Depois de nove meses de espera, a Finlândia foi oficializada, ontem, como o 31º país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A adesão ocorre em meio à guerra travada pela Rússia na Ucrânia. Moscou não tardou em ameaçar com represálias. "A ampliação da Otan é um ataque à nossa segurança e aos nossos interesses nacionais. Isto nos obriga a adotar contramedidas", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

O acesso ao bloco militar foi saudado pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. "Hoje é um dia histórico. Nós saudamos a Finlândia como o mais novo integrante de nossa aliança. (...) O presidente (russo Vladimir) Putin queria fechar as portas da Otan. Agora, mostramos ao mundo que fracassou, que as agressões e intimidação não funcionam", afirmou. "A Finlândia agora tem os amigos e aliados mais fortes do mundo", acrescentou, ao anunciar o fim da era do não alinhamento. 

O presidente dos EUA, Joe Biden, celebrou a adesão e disse estar ansioso em ver o mesmo ocorrer com a Suécia. O democrata mandou um recado à Rússia: "Quando Putin lançou sua brutal guerra de agressão contra o povo da Ucrânia, imaginou que poderia dividir a Europa e a Otan. Ele estava errado. Hoje, estamos mais unidos do que nunca", disse Biden. O presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, assegurou que o país está comprometido com a segurança de todos os Estados-membros da Otan e será um "aliado confiável que fortalece a estabilidade regional". 

De acordo com Heikki Patomäki, professor de política mundial da Universidade de Helsinque, a adesão da Finlândia à Otan é um elemento inserido em um grande processo, cuja dinâmica é bastante instável. "A Finlândia é um país pequeno, mas próximo dos principais centros da Rússia, especialmente de São Petersburgo e da Península Kola. O simples fato de a Rússia ter 1.300km de fronteira ccom a Otan envolve mudanças. A Rússia, como qualquer outro país em situação similar, tomará medidas como resposta", afirmou ao Correio, por e-mail. 

Professor de história política da mesma universidade, Juhana Aunesluoma admitiu ao Correio que a entrada na Otan representa um "ponto de guinada histórico" para a Finlândia. Membro da União Europeia desde 1955, o país nunca tinha feito parte de qualquer aliança militar formal. Ele entende que isso fortalecerá a credibilidade da defesa nacional finlandesa, mas exigirá de Helsinque a ajuda aos aliados, em caso de conflito. 

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Heikki Patomäki, professor de política mundial da Universidade de Helsinki
Heikki Patomäki, professor de política mundial da Universidade de Helsinki (foto: Fotos: Arquivo pessoal)

"Ainda não está claro o que significa o anúncio da Rússia sobre o fortalecimento do distrito militar noroeste. A questão é como ela poderia fazê-lo, já que no início da guerra na Ucrânia, as tropas russas foram forçadas a se mover dessa região para a ex-república soviética. Nesse estágio, creio que se trata de uma declaração de intenção, indicando somente que a Rússia pretende aumentar seu poder militar na região. No momento, Moscou não tem nenhum recurso para construir nada significativo perto das fronteiras finlandesas. O problemareside no espectro de uma nova escalada do conflito Rússia-Otan."

Heikki Patomäki, professor de política mundial da Universidade de Helsinque

Juhana Aunesluoma, professor de história política também da Universidade de Helsinque
Juhana Aunesluoma, professor de história política também da Universidade de Helsinque (foto: Arquivo pessoal )

"A aliança militar atlântica ficará mais forte. Como a Finlândia manteve uma capacidade de defesa significativa nas últimas décadas, ela trará recursos de defesa reais para a Otan. Nós temos uma força terrestre substancial e uma força aérea equipada com aeronaves norte-americanas. Antes mesmo de se unir à aliança, a Finlânia gastava 2% de seu PIB em defesa. A adesão dobrará as fronteiras da Otan com a Rússia, mas elas serão fortemente defendidas. Agora, o flando nordeste da Europa será mais facilmente defendido contra uma possível agressão da Rússia e isso aumentará a segurança de seus vizinhos, a Noruega, ao norte, e a Estônia e os países bálticos, ao sul."

Juhana Aunesluoma, professor de história política também da Universidade de Helsinque 

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