MEIO AMBIENTE

Após encontro de Sunak com Lula, Reino Unido anuncia R$ 500 mi para Fundo da Amazônia

Já fazem parte do grupo de financiadores a Alemanha, a Noruega e os Estados Unidos. O fundo havia sido suspenso no governo anterior, devido ao descompromisso com a questão ambiental

Vicente Nunes - enviado especial
postado em 05/05/2023 14:15 / atualizado em 05/05/2023 15:07
Lula se reúne com primeiro-ministro britânico Rishi Sunak em passagem pelo Reino Unido para coroação do Rei Charles III -  (crédito: Ricardo Stuckert/Presidência da República)
Lula se reúne com primeiro-ministro britânico Rishi Sunak em passagem pelo Reino Unido para coroação do Rei Charles III - (crédito: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

Londres — Num encontro cercado de expectativas e que durou 45 minutos, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, informou ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que seu país investirá no Fundo da Amazônia. Fontes do governo britânico informaram que o desembolso será de 80 milhões de libras, cerca de R$ 500 milhões. Já fazem parte do grupo de financiadores a Alemanha, a Noruega e os Estados Unidos. O fundo havia sido suspenso no governo anterior, devido ao descompromisso com a questão ambiental.

“Tenho o prazer de anunciar, nesta ocasião, que vamos investir no Fundo da Amazônia, e tudo isso está sendo feito por causa do seu trabalho, de sua liderança e da sua luta (pela preservação do meio ambiente)”, afirmou o líder britânico. Ele ressaltou o prazer de receber Lula em sua residência oficial, na 10 Downing Street, e frisou que a competição entre as duas nações só se restringe ao futebol, quando Inglaterra e Brasil entram em campo. “Nossa conversa vai ser mais melhor do que a competição nos jogos da Inglaterra Copa. Além de futebol, temos muito em comum. Relações econômicas, fluxo comercial e mudança climática”, assinalou.

O anúncio do primeiro-ministro foi recebido com festa pelo governo brasileiro. Lula havia desistido de viajar a Londres para a coroação do rei Charles III. Mas a possibilidade de um encontro bilateral com Sunak fez o líder brasileiro mudar os planos. Além do prestígio do anúncio do aporte ao Fundo da Amazônia, Lula foi recebido pelo rei no Castelo de Buckingham. Somente 10 chefes de Estado estiveram nesse encontro, às vésperas da coroação. Charles é grande defensor de medidas para conter as mudanças climáticas e da preservação da Amazônia.

A conversa entre Lula e Sunak teve um tom muito amistoso. Reino Unido e Brasil andavam muito afastados. Havia uma certa má vontade dos britânicos com a administração de Jair Bolsonaro, relação que azedou de vez depois que o então presidente brasileiro esteve em Londres para o velório da rainha Elizabeth II. O país estava em comoção e Bolsonaro convocou apoiadores em frente à residência do embaixador brasileiro na Inglaterra para uma manifestação a seu favor. O tumulto provocou críticas gerais.

No comércio, tanto Sunak quanto Lula disseram que precisam incrementar as relações entre os dois países. Somadas importações e exportações, a corrente chega a US$ 6,5 bilhões por ano. Segundo o governo brasileiro, os fluxos de investimentos britânicos no Brasil mantêm-se elevados e destinam-se, sobretudo, ao setor de óleo e gás. Já o estoque total de investimentos britânicos no Brasil concentra-se nos setores extrativo, financeiro e de transportes. Segundo o Banco Central, o Reino Unido contava, em 2021, com US$ 22,6 bilhões investidos no Brasil pelo critério de investidor imediato (6º maior) e US$ 36 bilhões pelo critério de controlador final (4º maior).

Já o Reino Unido aparece em segundo lugar entre os 17 países com investimentos no Programa de Parcerias de Investimento, com R$ 59 bilhões (US$ 11 bilhões), atrás apenas da China, em 10° lugar, com R$ 2,2 bilhões (cerca de US$ 440 milhões). O Reino Unido, por sua vez, está em 10° na lista de maiores receptores de investimentos diretos brasileiros, com estoque, em 2020, de US$ 5,1 bilhões.

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