Ao longo de sua curta mas movimentada carreira política, Donald Trump mostrou uma predisposição para simpatizar com o presidente russo, Vladimir Putin.
Durante uma cúpula Rússia-EUA em 2018 na Finlândia, por exemplo, ele ignorou os serviços de inteligência dos EUA, optando por acreditar na palavra de Putin de que o russo não se intrometeu nas eleições americanas de 2016.
Se Trump voltar à Casa Branca, essa atitude mais positiva em relação à Rússia - que é compartilhada por boa parte da base republicana e por alguns membros do partido no Congresso - provavelmente ressurgirá como uma força motriz na política dos EUA.
Seus comentários em um evento organizado pela CNN nesta semana deram mais argumentos para aqueles que o acusam de ser muito próximo de Putin.
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O ex-presidente disse que poderia acabar com a guerra em 24 horas, mas não disse como. Ele se recusou a responder se queria que a Ucrânia vencesse e reclamou do custo da ajuda militar.
"Não temos munição para nós mesmos. Estamos dando muito", disse ele, acusando os países europeus de não contribuírem o suficiente com a Ucrânia.
Embora o Congresso dos EUA tenha aprovado bilhões de dólares em apoio à Ucrânia a serem distribuídos por um período prolongado, como presidente, Trump poderia usar seu poder executivo para desacelerar ou até interromper esse apoio.
Ele fez isso quando era presidente em relação a alguns planos de ajuda militar aprovados pelo Congresso.
Alguns de seus colegas republicanos condenaram prontamente seus comentários, mas é possível – ou mesmo provável – que, se Trump for eleito em novembro de 2024, o apoio dos EUA ao esforço de guerra poderia acabar totalmente.
No mínimo, o apoio total à Ucrânia que o atual governo dos EUA expressou, juntamente com seus esforços diplomáticos agressivos para manter uma frente unida com os aliados europeus nas sanções à Rússia, muito provavelmente seria bastante diminuído.
No Reino Unido, que está aumentando sua assistência à Ucrânia fornecendo agora mísseis de longo alcance, há preocupações sobre as implicações de uma presidência de Trump.
Se Trump cortar o fornecimento de armas, a guerra terminará do jeito que a Rússia quer, o que seria o pior pesadelo do Ocidente, diz o ex-chefe do serviço secreto britânico Alex Younger.
"Putin não tinha um plano B quando invadiu a Ucrânia, mas esse é agora o seu plano B - esperar."
O apoio público americano à ajuda dos EUA para a Ucrânia caiu desde o início da guerra, e uma pesquisa da Pew Research nesta semana mostrou um aumento no número de americanos que acreditam que seu governo deveria se concentrar mais nos problemas domésticos.
Jeffrey Treistman, professor de segurança nacional da Universidade de New Haven, em Connecticut, diz que não está claro se o fim da ajuda dos EUA encerraria a guerra da noite para o dia - ela ainda pode durar anos ou décadas.
"Os ucranianos mostraram uma determinação incrível para lutar contra os russos e repelir a invasão com um apoio mínimo inicialmente", disse ele.
"Portanto, (a guerra) tem o potencial - mesmo que os EUA parem de fornecer assistência - de continuar e se arrastar no futuro."
Se Kiev está preocupada, essa ansiedade não tem transparecido publicamente.
Um dia depois de Trump fazer seus comentários, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse à BBC que não temia as eleições de 2024 nos EUA.
Minimizando a perspectiva de um relacionamento EUA-Ucrânia mais fraco, ele disse: "Acho que as eleições nos EUA serão daqui a um ano. Quem sabe onde estaremos. Acredito que venceremos até lá. Portanto, veremos."
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