Estados Unidos

Filho de Biden se declara culpado de fraude fiscal

O advogado e lobista de 53 anos firmou um acordo com o Departamento de Justiça para reconhecer a responsabilidade pelas duas acusações

Rodrigo Craveiro
postado em 21/06/2023 05:00
 (crédito: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)
(crédito: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

Hunter Biden — filho do presidente norte-americano, Joe Biden — declarou-se culpado por sonegar impostos federais e por posse ilegal de arma, em uma manobra para tentar evitar a prisão. O advogado e lobista de 53 anos firmou um acordo com o Departamento de Justiça para reconhecer sua responsabilidade pelas duas acusações. Candidato à reeleição em 2024, Joe saiu em defesa de Hunter. "Estou muito orgulhoso de meu filho", declarou o democrata, ao ser questionado por jornalistas sobre o acordo com o Judiciário. No entanto, o presidente calou-se quando repórteres tornaram a sabatiná-lo, dessa vez horas depois da divulgação da notícia sobre as acusações.

Se Biden permaneceu em silêncio, a Casa Branca emitiu um comunicado sobre o assunto. "O presidente e a primeira-dama amam seu filho e o apoiam enquanto ele continua reconstruindo sua vida. Não faremos mais comentários", afirmou a nota. 

De acordo com a acusação, Hunter não entregou no prazo as declarações de imposto sobre ganhos de mais de US$ 1,5 milhão em 2017 e 2018 (cerca de R$ 5,81 milhões pela cotação da época). Nos dois anos, ele deveu mais de US$ 100 mil em impostos. Se considerado culpado, o filho do presidente poderá ser sentenciado a pena de até 12 meses de prisão, além de multa de US$ 100 mil. A acusação sobre posse ilegal de arma diz respeito ao fato de Hunter ter lutado contra o alcoolismo e a dependência de droga. Nos Estados Unidos, cidadãos com histórico de envolvimento com sustância controlada não podem portar armamentos.

Christopher Clark, advogado de Hunter, assegurou que o acordo com a Justiça "resolverá" a longa investigação criminal contra o filho de Joe Biden. "Hunter assumirá a responsabilidade por dois casos de falha de contravenção em arquivar pagamentos de impostos devidos", explicou. "(...) Sei que Hunter acredita que é importante assumir a responsabilidade por esses erros cometidos durante um período de turbulência e de vício em sua vida. Ele espera continuar sua recuperação e seguir em frente."

Mitchell Epner, ex-procurador federal para o Distrito de Nova Jersey, afirmou ao Correio que o tratamento dispensado a Hunter é "igual (ou mais duro) do que o dispensado a qualquer réu comum". "A depender da sonegação de impostos, ele poderá enfrentar um tempo na prisão. Se o fizer, quase certamente será menos do que um ano", explicou. "O único contraventor penal que acabou condenado com uma pena maior foi o ator Wesley Snipes, sentenciado a três anos de prisão por três contravenções de impostos, porque o juiz de primeira instãncia ficou irritado com os veredictos de inocência nos crimes fiscais devolvidos pelo júri."

Por ora, Epner descarta consequências políticas para Biden. "Os republicanos vêm tentando fazer da investigação a Hunter Biden um grande negócio durante anos, mas não me parece que têm ganhado tanta atenção da opinião pública", comentou. Ainda que as implicações eleitorais sejam incertas, o republicano Kevin McCarthy, presidente da Câmara dos Representantes, atacou o sistema judicial dos Estados Unidos. "Se você é o principal oponente político do presidente, o Departamento de Justiça tenta literalmente colocá-lo na cadeia e dar-lhe uma pena de prisão. Se você é o filho do presidente, consegue um bom negócio", ironizou. 

Na rede Truth Social, o ex-presidente republicano Donald Trump também criticou a Justiça, ao sugerir que Hunter recebeu apenas uma "multa". O magnata disse que o sistema judicial dos EUA está "falido". Trump tornou-se réu em dois casos, que envolvem suborno contra uma ex-atriz pornô para encobrir suposto caso extranconjugal e posse de documentos secretos após sua saída da Casa Branca, em 20 de janeiro de 2021. 

 


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Eu acho...

 (crédito: Fotos: Arquivo pessoal)
crédito: Fotos: Arquivo pessoal

"O presidente Joe Biden tem mantido as mãos longe deste caso. Todos os procuradores dos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump  (93 ao todo) apresentaram suas renúncias no início da atual gestão democrata. Biden, no entanto, não aceitou a renúncia de David Wiess, procurador para o Distrito de Delaware, por causa da investigação de Hunter."

 

Mitchell Epner, ex-procurador federal para o Distrito de Nova Jersey

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