XENOFOBIA

'Macaco Lula': leia a íntegra do e-mail que ameaça brasileiros em Portugal

As ideias demonstradas no e-mail revelam um alinhamento com o ditador nazista Adolf Hitler; o autor promete "purificar" Portugal de brasileiros, homoafetivos, judeus, negros e mulçumanos

O e-mail xenofóbico que ameaça brasileiros e outros estrangeiros que moram em Portugal, destinado à Embaixada do Brasil em Lisboa em 13 de junho, reúne ofensas contra homoafetivos, negros, judeus e até mesmo ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamado de “macaco” pelo criminoso.

Um documento da embaixada brasileira, obtido pelo Correio, traz a íntegra da mensagem, escrita por um usuário que se denomina “Reich Português” — a palavra, que significa império, foi usada por Hitler para determinar o período em que ele permaneceu no poder, na Alemanha. As ideias demonstradas no e-mail revelam um alinhamento com o ditador alemão: o autor promete “purificar” Portugal de estrangeiros.

Material cedido ao Correio - Homem fala em purificação
Material cedido ao Correio - Ofensor faz ameaças à sinagogas, à sede da Embaixada e outros locais com brasileiros
Material cedido ao Correio - Vini Jr., Lula e Dino são ofendidos no e-mail enviado à Embaixada

“Vamos restaurar a pureza da raça lusitana, somos uma raça superior, e vamos fazer uma limpeza étnica em solo português”, garante o homem. Em seguida, ele faz a primeira ameaça. “Se recebeu este comunicado VOCÊ é um dos nossos alvos, vossa presença não será mais tolerada”.

O autor do e-mail ameaçou a embaixada “com uma série de atentados terroristas” se, dentro de 60 dias, o governo português não “expulsar todos os homossexuais, estrangeiros e não brancos”.

“O nosso primeiro ataque será um atentado bombista contra um comboio ou um autocarro. Ou um carro armadilhado contra uma sinagoga ou a sede do PCP. Ou um massacre como os que acontecem nos EUA numa zona frequentada por negros e zucas (termo como os portugueses se referem aos brasileiros)”, diz um trecho do e-mail.

O criminoso também afirma que vários atentados acontecerão até que “o governo português ceda ou consigamos exterminar todos os estrangeiros, homossexuais e não-brancos do Reich Portucalense”. O ofensor também declara “apoio total à La Liga de Espanha e aos adeptos do Valência que trataram devidamente o macaco zuca Vini Jr.”.

O e-mail também diz para os oficiais da embaixada não temer “ameaças do governo zuca”, em referência ao governo de Lula, a quem se referiu como “macaco”. O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, também foi ofendido, chamado de “suíno”. Por fim, o ofensor chama o gabinete do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, de “comunista”.

“O solo espanhol deve ser expurgado de elementos negröides, judeus, homossexuais e estrangeiros para construir uma Península lbérica branca. PORTUGAL AOS PORTUGUESES! SARRACENOS, JUDEUS, CIGANOS, ZUCAS, PRETOS IMUNDOS E PANELEIROS FORA DE PORTUGAL! CHEGA!”, encerra o e-mail.

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Governo português reforça segurança

O governo de Portugal determinou às forças de segurança que aumentem o número de agentes que protegem a Embaixada do Brasil em Lisboa e acionem os serviços de inteligência para identificar os autores de ameaças terroristas, nazistas, xenofóbicas, racistas e homofóbicas a cidadãos estrangeiros, em especial os brasileiros, que residem no país. As decisões das autoridades lusas foram tomadas depois de um comunicado feito, em 14 de junho, pelo embaixador Raimundo Carreiro ao ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinhos.

Em resposta ao embaixador brasileiro, o sub-diretor-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Queirós, disse que “todas as autoridades nacionais competentes foram devidamente alertadas para o conteúdo da mensagem, de modo a serem tomadas as medidas adequadas”.

Isso implica dizer maior segurança em regiões onde se concentram mais estrangeiros, em especial, brasileiros, que forma a maior comunidade de imigrantes em Portugal. Dados oficiais apontam que já são quase 350 mil os brasileiros vivendo legalmente em território luso. O Itamaraty calcula 400 mil cidadãos.

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