Argentina

Eleições na Argentina: Bullrich e Macri anunciam apoio a Milei

"Temos diferenças com Milei, por isso competimos. No entanto, enfrentamos o dilema da mudança, ou da continuidade mafiosa", disse Patricia Bullrich

Bullrich, ex-candidata da 
coalizão Juntos por el Cambio 
(de centro-direita): pela
Bullrich, ex-candidata da coalizão Juntos por el Cambio (de centro-direita): pela "mudança" - (crédito: Tomás Cuesta/AFP)
postado em 26/10/2023 02:00

A decisão da ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich e ex-candidata a presidente pela coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio, contrariou os seguidores mais radicais. A 26 dias do segundo turno das eleições, ela declarou apoio ao libertário Javier Milei em sua busca pelo posto mais alto da Casa Rosada. "Temos diferenças com Milei, por isso competimos. No entanto, enfrentamos o dilema da mudança, ou da continuidade mafiosa. A maioria escolheu a mudança, nós a representamos", afirmou, depois de se reunir com o antigo adversário político, que chegou a fazer pesadas críticas a ela.

"Ratificamos nossa defesa até o fim dos valores de mudança e liberdade. A urgência do tempo nos pede para não sermos neutros diante da continuidade do kirchnerismo através de (Sergio) Massa", acrescentou, referindo-se ao ministro da Economia do presidente peronista Alberto Fernández e vitorioso no primeiro turno, no último domingo. Companheiro de coalizão, Mauricio Macri, que governou a Argentina entre 2015 e 2019, seguiu Bullrich no aval a Milei e provocou um racha na aliança. 

Professor de ciência política da Universidad de Buenos Aires (UBA), Miguel De Luca minimizou o impacto do aval de Bullrich a Milei. "A decisão da ex-ministra, como ela mesma esclareceu durante a entrevista coletiva, foi pessoal. Não foi tomada pelo partido presidido por ela, o Propuesta Republicana (PRO). Ela não influenciará fortemente os eleitores da fórmula do Juntos por el Cambio. Muitos dos simpatizantes de Bullrich não votarão em Milei no segundo turno. Entre eles, estão aqueles da Unión Cívica Radical, considerados decisivos", explicou ao Correio.

O especialista considera Massa como favorito em 19 de novembro, mas acredita que seu desempenho nas urnas depende da evolução da economia. "Se a situação piorar, melhoram as chances de Milei." 

Damian Deglauve, analista da DED Consultoria Politica (em Buenos Aires), disse à reportagem que o apoio de Bullrich esbarra no fato de que Milei havia insultado o setor representado pelo macrismo. "A coalizão de Bullrich se rompeu. Um segmento do voto que iria para ex-ministra não será direcionado a Milei. A incógnita está em como Milei posicionará o seu discurso, mediante o kirchnerismo", admitiu à reportagem.

Bullrich advertiu que o apoio ao libertário não representa um pacto em um eventual governo. "Demos por encerrados certos enfrentamentos. Nós não falamos sobre o governo", afirmou ela. Durante a campanha, Milei acusou Bullrich de "pôr bombas em jardins de infância", durante sua militância na juventude peronista nos conturbados anos 1970. A ex-candidata o denunciou criminalmente por essas declarações. 

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação