Direitos humanos

Irã: Morre Armita Garavand, a garota agredida pela Polícia da Moralidade

Estudante iraniana de 17 anos estava em coma profundo desde 1º de outubro, depois de ser empurrada por agentes que fiscalizam o uso do véu islâmico, em metrô de Teerã. Jornalista marido de Nobel da Paz lamenta "crime terrível"

Armita Geravand, 16 anos, estudante do segundo grau em Teerã  -  (crédito: Reprodução/X)
Armita Geravand, 16 anos, estudante do segundo grau em Teerã - (crédito: Reprodução/X)
postado em 28/10/2023 14:50

A agonia da estudante iraniana Armita Garavand, 17 anos, durou 27 dias. A garota que entrou em coma profundo depois de ser agredida pela Polícia da Moralidade, na estação de metrô de Shohada, em Teerã, morreu, na madrugada deste sábado (28/10). Armita teria sido repreendida por não usar o hijab (véu islâmico) de modo adequado. A agência estatal de notícias Irna divulgou que Armita faleceu devido a "danos cerebrais". Ela estava internada na unidade de terapia intensiva do Hospital Fajr, na capital iraniana, em meio a um forte esquema de segurança. 

Membro da diretoria da Organização de Direitos Humanos Hengaw, o também iraniano Kamaran Taimori disse ao Correio que os detalhes da morte de Armita são vagos. "Não há vídeos concretos ou documentos sobre o que aconteceu naquele 1º de outubro. Por isso, as pessoas estão um pouco céticas sobre isso", comentou. "Não sabemos o que ocorrerá agora. Mas, de acordo com as mais recentes notícias, muitos dos familiares estão a caminho da casa de Armita, em Teerã", acrescentou. 

Taimori relatou que testemunhas e parentes da adolescente disseram que Armita e duas amigas queriam utilizar o metrô para irem à escola. "Na entrada da estação, Armita foi interrogada pela Polícia da Moralidade — ou Patrulha da Orientação — pelo uso incompleto do hijab. Houve uma discussão entre eles.
Os oficiais a empurraram e ela caiu com as costas no chão. Levantou-se e caiu repentinamente no chão, inconsciente", contou. A mídia estatal do Irã divulgou um vídeo mostrando o momento que os policiais
a carregam, após a queda.

Taghi Rahmani: "Estou certo de que a morte de Amrita fará com que os jovens iranianos se levantem para protestar contra esse crime terrível"
Taghi Rahmani: "Estou certo de que a morte de Amrita fará com que os jovens iranianos se levantem para protestar contra esse crime terrível" (foto: Thomas Samson/AFP)

Em entrevista ao Correio, o jornalista iraniano Taghi Rahmani, 64 anos, marido da ativista e presa política Narges Mohammadi, laureada com o Nobel da Paz deste ano, disse que Armita foi vítima de "um crime cometido pelo governo iraniano por causa do uso obrigatório do hijab. "O povo iraniano, especialmente os jovens, mostraram a sua tristeza e ódio por esse crime injusto. Se olharmos na rede social X ou no Instagram, todos os comentários discordam da obrigatoriedade do uso do véu, e todos estão tristes pela morte dessa jovem", admitiu. "Estou certo de que a morte de Amrita fará com que os jovens iranianos se levantem para protestar contra esse crime terrível. Narges ficará triste ao saber dessa notícia, na prisão, e também protestará contra essa injustiça."

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