O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou, nesta sexta-feira (3/11), os apelos para um cessar-fogo temporário no conflito com o Hamas.
Durante um discurso televisionado, Netanyahu disse que não concordaria com uma trégua no conflito até que os reféns capturados pelo Hamas durante o ataque a Israel em 7 de outubro sejam libertados.
Netanyahu fez a declaração pouco após o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, ter reiterado os apelos por “pausas humanitárias” no conflito para permitir mais ajuda a Gaza.
Em Israel, Blinken também disse que essa trégua poderia criar um “ambiente melhor para a libertação de reféns”.
Segundo Blinken, os detalhes sobre esse cessar-fogo ainda estavam sendo “resolvidos”, mas Israel tinha “dúvidas legítima” de como isso funcionaria.
No entanto, Netanyahu foi enfático: “Israel recusa um cessar-fogo temporário que não inclua o regresso dos nossos reféns”.
Os militares israelenses afirmam que 242 pessoas estão mantidas como reféns pelo Hamas.
Embora os cessar-fogos formais sejam geralmente acordos de longo prazo, que permitem um diálogo entre as partes, as pausas humanitárias, como poderia ser aplicado no caso do conflito Israel-Hamas, podem durar apenas algumas horas.
Além de negar essa pausa temporária, Israel ainda disse nesta sexta-feira que suas forças estão atentas a um possível embate com o Líbano.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que estão em “alerta máximo” ao longo da fronteira norte de Israel com o Líbano.
O porta-voz militar israelense, tenente-coronel Richard Hecht, disse que as Forças de Defesa de Israel estão "implantadas e prontas" no norte, acrescentando que "estamos em uma postura defensiva".
"Estamos dizendo ao povo libanês: não sacrifique o seu futuro pelo Hamas."
Nesta sexta, o líder do grupo islâmico Hezbollah, a força política e militar mais poderosa do Líbano, elogiou os ataques do grupo Hamas a Israel em 7 de outubro, nos quais 1.400 pessoas foram mortas e outras 200 sequestradas.
Foram os primeiros comentários públicos dele desde o início da guerra Israel-Hamas.
Foi justamente após os ataques do início de outubro que o conflito entre Israel e Hamas escalou de forma intensa, o que já causou a morte de mais de 9.200 pessoas em Gaza, segundo o governo local controlado pelo Hamas.
Hassan Nasrallah disse que as ações do Hamas – que, como o Hezbollah, é considerada uma organização terrorista pelos governos do Reino Unido, dos EUA e de outros países – foram “corretas, sábias e justas”, mas descreveu os ataques a Israel como “100% palestinos”.
EUA insistem em pausas humanitárias
Blinken declarou que as “pausas humanitárias” no conflito são importantes para a proteção dos civis e têm sido uma “área importante de discussão” com os líderes israelenses.
Ele disse que os EUA acreditam que tais pausas permitirão que mais ajuda chegue a Gaza.
“Vemos isso também como uma forma de criar um ambiente melhor no qual os reféns possam ser libertados”, diz ele.
Blinken acrescenta que uma série de “questões legítimas” foram levantadas por autoridades israelenses em torno das pausas, incluindo como podem ser usadas para maximizar a entrega de ajuda, auxiliar a libertar reféns e não serem aproveitadas pelo Hamas.
Blinken, que está em Israel, afirmou que voltou ao país para se envolver em uma “diplomacia intensa com os nossos parceiros” para garantir que um ataque como o do Hamas em 7 de outubro nunca mais aconteça.
Ele falou que é necessário tomar uma série de medidas importantes para tornar isso possível, incluindo evitar que o conflito se agrave e se espalhe para outras áreas da região.
Além disso, também afirmou que é preciso fazer mais para proteger os civis palestinos e que a forma como Israel conduz a sua campanha para derrotar o Hamas tem sido importante.
O correspondente da BBC na América do Norte, Anthony Zurcher, avalia que Blinken foi a Tel Aviv dizer aos líderes israelenses que é necessário minimizar as vítimas civis em Gaza, enquanto os israelenses já estavam prontos para dar uma resposta contrária.
“Diante das câmeras da imprensa na casa histórica do fundador de Israel, David Ben-Gurion, o presidente Isaac Herzog apertou a mão de Blinken e ergueu panfletos que, segundo ele, constituíam um alerta aos palestinos em Gaza de que eles estavam em uma área que era alvo de uma ameaça israelense iminente”, escreveu Zurcher.
“Os abrigos no norte de Gaza e no distrito de Gaza não são seguros”, dizia o panfleto. “O Hamas e as organizações terroristas operam a partir de abrigos, hospitais e escolas nesta área. Portanto, sua presença ali não é segura!”
Blinken respondeu reiterando que, embora Israel tenha direito à legítima defesa, “a forma como faz isso é importante”.
Enquanto os dois falavam, era possível ouvir manifestantes gritando em uma rua próxima – famílias de israelenses que foram feitos reféns em Gaza. Foi um lembrete claro do custo humano que o conflito causou e da raiva entre alguns israelenses.
“Nosso coração está com eles”, disse Herzog.
O secretário de Estado dos EUA passou grande parte do dia reunido com o gabinete de guerra israelense – uma reunião matinal a portas fechadas que estava marcada para apenas uma hora, mas que durou até o período da tarde.
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