Guerra

Moradores de Gaza fogem a pé de bombardeios israelenses com bandeiras brancas

Com um dos seus filhos nos braços, Amira al Sakani se recordou dos panfletos lançados pelo Exército israelense, nos quais ordenava os civis a fugir para o sul

Uma mulher carrega um passaporte ucraniano ao lado de outros com uma bandeira branca, enquanto palestinos que fogem da Cidade de Gaza em direção às áreas do sul caminham por uma estrada em 7 de novembro de 2023, em meio às batalhas em curso entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas.  -  (crédito: MAHMUD HAMS / AFP)
Uma mulher carrega um passaporte ucraniano ao lado de outros com uma bandeira branca, enquanto palestinos que fogem da Cidade de Gaza em direção às áreas do sul caminham por uma estrada em 7 de novembro de 2023, em meio às batalhas em curso entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas. - (crédito: MAHMUD HAMS / AFP)
Agência France-Presse
postado em 07/11/2023 21:16

Com bandeiras brancas improvisadas e, às vezes, com as mãos para o alto, os habitantes de Gaza fugiram, nesta terça-feira (7), para o sul do território palestino entre corpos e tropas israelenses, seguindo as ordens de Israel. 

"Era assustador", disse Ola al Ghul que, assim como milhares de civis, fugiu dos incessantes bombardeios israelenses que atingem o território palestino há mais de um mês.

"Levantávamos as mãos e seguíamos caminhando. Éramos tantos, carregávamos bandeiras brancas", decreveu à AFP.

A guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, que governa a Faixa desde 2007, obrigou mais de 1,5 milhão de habitantes de Gaza a fugir de suas casas, segundo a ONU. No território de 362km² vivem 2,4 milhões de pessoas. 

Com um dos seus filhos nos braços, Amira al Sakani se recordou dos panfletos lançados pelo Exército israelense, nos quais ordenava os civis a fugir para o sul. 

"Chegamos ao sul vindos do centro de Gaza a pé", disse. "Não esperava que o caminho fosse tão grande", acrescentou. 

Ao longo de sua caminhada, Sakani contou que viu "corpos de mártires, alguns despedaçados". "Queremos paz, já basta, estamos cansados, queremos um futuro feliz", insistiu. 

Segundo o Hamas, mais de 10.300 pessoas, entre elas mais de 4.200 crianças, morreram na Faixa de Gaza desde o início dos bombardeios israelenses. 

Os ataques aéreos foram lançados em resposta à sagrenta incursão do grupo islamista em 7 de outubro em Israel, que deixou 1.400 mortos, civis em sua maioria, segundo as autoridades israelenses. 

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu, desde então, aniquilar o Hamas. 

Sakani contou que seus filhos já sabem identificar as bombas. "Me dizem: 'Mamãe, é perigoso, não quero bombardeios'". 

Os moradores de Gaza em fuga levavam poucos pertences e alguns carregavam seus filhos nos braços. Outro avançavam pelo caminho em cadeiras de rodas, constataram jornalistas da AFP. 

- "Foi verdadeiramente horrível" -

Haitham Noureddine disse que caminhou quatro quilômetros ao lado de sua mãe e outros familiares antes de chegar ao campo de refugiados de Burieij, no sul. 

Contou à AFP que saíram de casa, localizada perto do hospital Al Shifa na Cidade de Gaza por causa dos incessantes bombardeios. Como Sakani, viram corpos em decomposição na estrada. 

Os militares israelenses garantem que cercaram a Cidade de Gaza, mas que deixaram os civis fugirem em direção ao sul. 

Mas a contagem das vítimas mostra que não há lugar seguro. Segundo o ministério da Saúde do território, cerca de 3.600 pessoas morreram no sul e no centro de Gaza. 

Hatim Abu Riash, que fugiu com uma bengala, ainda se recorda do medo que sentiu ao passar em frente às tropas de Israel. 

"Ao lado dos soldados, ao lado das armas, ao lado dos tanques (...) foi verdadeiramente horrível', disse, após fugir do campo de refugiados de Jabalia, que foi bombardeado várias vezes. 

"Não somos terroristas, somos civis, queremos viver em paz", acrescentou. 

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