O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu nesta quinta-feira (9/11), um "cessar-fogo" no conflito que opõe Israel ao movimento islamita Hamas na Faixa de Gaza, no início de uma conferência em Paris de ajuda humanitária para este território palestino.
Israel iniciou uma campanha de bombardeios em Gaza em 7 de outubro em resposta ao ataque do Hamas que matou mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, em território israelense. Além disso, o grupo palestino mantém 240 reféns.
Mais de 10.000 pessoas, a maioria civis e incluindo mais de 4.000 menores de idade, morreram nos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, um território estreito de 360 quilômetros quadrados, onde moram 2,4 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
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Depois de reiterar o direito de defesa de Israel, mas respeitando o direito internacional, Macron afirmou que a proteção dos civis deve ser uma prioridade.
"Isto requer uma pausa humanitária muito rápida e temos que trabalhar para conseguir um cessar-fogo", disse.
"Quantos palestinos têm que morrer para que a guerra termine?", questionou o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammed Shtayyeh, que relatou as necessidades: atender os feridos e fornecer água, energia elétrica e medicamentos.
A França organizou a conferência na véspera do Fórum de Paris sobre a Paz para reunir os principais doadores e acelerar a ajuda - alimentos, energia ou equipamentos médicos - para a Faixa de Gaza, cenário de um êxodo de seus habitantes para o sul.
A ONU calcula que 1,2 bilhão de dólares são necessários para ajudar os moradores de Gaza e da Cisjordânia até o fim do ano. A França já anunciou uma ajuda de 100 milhões de euros (107 milhões de dólares).
"Não há crise humanitária na Faixa de Gaza", afirmou nesta quinta-feira Moshe Tetro, um comandante militar israelense, que reconheceu as "muitas dificuldades" enfrentadas pelos civis no território palestino.
O Egito denunciou o "silêncio internacional sobre as violações do direito humanitário internacional cometidas por Israel" na Faixa de Gaza.
"O que o governo israelense faz supera em muito o direito à autodefesa", disse o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Shukri, que lamentou um "desequilíbrio na consciência internacional".
Cessar-fogo?
Israel não participa na conferência, mas Macron vai informar o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre o evento em uma conversa telefônica após a reunião, segundo a Presidência francesa.
A conferência tem a participação de poucos primeiros-ministros europeus e chefes das principais instituições da União Europeia (UE). Poucas nações árabes enviaram representantes. O Brasil é representado por Celso Amorim, assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Treze ONGs, incluindo Médicos Sem Fronteiras e Oxfam, pediram na quarta-feira aos participantes na conferência para "fazer tudo o que estiver ao seu alcance para obter um cessar-fogo imediato" e maior acesso à ajuda.
"As Nações Unidas nunca registraram tantas mortes em tão pouco tempo em um conflito", afirmou o diretor da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, à rádio France Inter.
Apesar dos apelos por "pausas" humanitárias, "tréguas" ou "cessar-fogo", o primeiro-ministro de Israel insiste que a ofensiva prosseguirá enquanto o Hamas não libertar os reféns.
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