Horror no Oriente Médio

Guerra Israel-Hamas: Exército prepara ofensiva rumo ao sul de Gaza

Forças de Defesa de Israel se dizem prontas para ampliar a incursão terrestre e dominar todo o enclave palestino. Falta de combustível leva ONU a suspender envio de ajuda. Famílias de sequestrados pelo Hamas encerram marcha em Jerusalém

Imagem de satélite mostra multidão de palestinos fugindo do norte de Gaza em direção ao sul do enclave, pela estrada Salah Al-Din -  (crédito: Maxar Technologies/AFP)
Imagem de satélite mostra multidão de palestinos fugindo do norte de Gaza em direção ao sul do enclave, pela estrada Salah Al-Din - (crédito: Maxar Technologies/AFP)
postado em 18/11/2023 06:00

Com o norte da Faixa de Gaza dominado, as Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que estão prontas para ampliar a incursão terrestre rumo ao sul e tomar todo o enclave palestino. "Nós estamos determinados a avançar a operação. Ela ocorrerá onde quer que o Hamas exista, incluindo o sul da Faixa de Gaza", declarou Daniel Hagari, porta-voz das IDF. "Isso acontecerá no momento, no local e nas condições que forem melhores militarmente."

Hagari destacou que o Exército israelense "trabalha com metas muito claras para a guerra" e que o progresso das tropas se dará "segundo os termos das IDF". No norte do enclave, soldados capturaram prédios do governo do movimento fundamentalista islâmico Hamas e asseguraram que os extremistas não detêm mais controle sobre a região.

Sem combustível, a ONU viu-se obrigada a suspender o envio de ajuda a 2,3 milhões de palestinos no território, agravando ainda mais a crise humanitária. O Ministério da Saúde palestino informou que 24 pacientes morreram no Hospital Al-Shifa, no centro da Cidade de Gaza, após o colapso de equipamentos médicos vitais. Israel permitiu a entrada diária de apenas dois caminhões-tanque com combustível; antes da guerra, pelo menos 50 ingressavam em Gaza.

Palestino socorre garota gravemente ferida depois de bombardeio israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza
Palestino socorre garota gravemente ferida depois de bombardeio israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza (foto: Said Khatib/AFP)

Professor da Faculdade de Direito da Western University (em Ontário, Canadá) e ex-relator especial da ONU para a Situação dos Direitos Humanos nos Territórios Palestinos (2016-2022), Michael Lynk admitiu ao Correio que o apelo por "pausas e corredores humanitários amplos e urgentes" — a tônica da resolução 2.712 (aprovada na quarta-feira) — é insuficiente. "Apenas um cessar-fogo durável, completo e imediato será suficiente. O custo civil da missão política e militar de Israel para decapitar o Hamas e outros grupos armados palestinos em Gaza continuará a aumentar exponencialmente, nos próximos dias e semanas, se um cessar-fogo não for imposto", alertou, por e-mail.

Lynk reconhece que os efeitos práticos da resolução são escassos. "Israel adota pausas diurnas de quatro horas na ofensiva, mas não permite a entrada, em larga escala, de combustível, eletricidade, água, suprimentos médicos ou alimentos." O completo blecaute de comunicações imposto por Israel à Faixa de Gaza impede a entrada de ajuda coordenada e gerida ao território.

Reféns

Os familiares de reféns do Hamas devem finalizar a marcha às 16h deste sábado (11h em Brasília), com um protesto diante do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, depois de percorrerem 63km entre Tel Aviv e Jerusalém. O organizador do ato, Yuval Haran, 36 anos, disse ao Correio que mais de 20 mil pessoas participaram da caminhada nesta sexta-feira. "Minha expectativa é de que a população israelense se una a nós e que sejamos uma voz contundente que não pode ser ignorada. Ninguém poderá ignorar nossos apelos. O mundo saberá que devemos trazer nossos familiares de volta para casa, agora. Não temos tempo", desabafou o morador do kibbutz de Be'eri. Ele teve o pai e dois tios executados, além de sete membros da família, inclusive a mãe, a irmã e os sobrinhos, sequestrados pelo Hamas. 

Familiares e amigos de reféns do Hamas se aproximam de Jerusalém
Familiares e amigos de reféns do Hamas se aproximam de Jerusalém (foto: Ahmad Gharabli/AFP)

Haran advertiu que, a cada dia que passa, a vida dos sequestrados corre perigo. "Temos perdido mais e mais reféns. Minha expectativa é de que o governo nos ouça, se reúna conosco e nos diga o que está ocorrendo. Também espero que consigamos atrair a atenção da opinião pública à situação de nossos familiares", acrescentou. "Queremos que todos falem sobre eles até conseguirmos a libertação." Na quinta-feira (16/11), soldados das IDF encontraram, em um prédio anexo ao Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, o corpo de Yehudit Weiss, 65 anos.

Nesta sexta-feira (17), localizaram o cadáver da também soldado Noa Marciano, 19, no mesmo local. Horas depois, as Brigadas Ezzedin al Qassam, o braço militar do Hamas, divulgou um comunicado afirmando que o refém israelense Zalman Zdmanovich, 86, morreu após sofrer um suposto ataque de pânico provocado por bombardeios. 

  • Palestino socorre garota ferida após bombardeio israelense em Rafah
    Palestino socorre garota gravemente ferida depois de bombardeio israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza Foto: Said Khatib/AFP
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