ORIENTE MÉDIO

Alemanha suspende venda para Israel de armas que poderiam ser usadas em Gaza

Segundo chanceler alemão, é 'cada vez mais difícil entender' como plano militar israelense ajudará o país a atingir objetivos legítimos.

A vai suspender suas exportações para Israel de armas para poderiam ser usadas na guerra em Gaza, afirmou nesta sexta-feira (8/8) o chanceler Friedrich Merz.

A declaração segue a aprovação, pelo gabinete de segurança de Israel, de um plano para assumir o controle da Cidade de Gaza.

"Nessas circunstâncias, o governo alemão não autorizará nenhuma exportação de equipamento militar que possa ser usado na Faixa de Gaza até novo aviso", afirmou Merz em um comunicado à imprensa.

Segundo o chanceler, é "cada vez mais difícil entender" como o plano militar israelense ajudará o país a atingir objetivos legítimos.

"Israel tem o direito de se defender do terror do Hamas. A libertação dos reféns e negociações objetivas sobre um cessar-fogo são nossa principal prioridade", disse no comunicado.

Mas de acordo com Merz, "a ação militar ainda mais dura do Exército israelense na Faixa de Gaza, aprovada ontem à noite pelo Gabinete de Segurança de Israel, torna cada vez mais difícil, da perspectiva do governo alemão, prever como esses objetivos serão alcançados."

A Alemanha tem sido um dos maiores fornecedores de armas para Israel.

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), um instituto de pesquisa independente que analisa conflitos e armamentos, os Estados Unidos foram o maior fornecedor de importações militares de Israel no período entre 2020 e 2024, com a Alemanha em segundo lugar.

Reuters
Acampamento de tendas abriga palestinos deslocados pela ofensiva militar israelense na Cidade de Gaza

O plano para assumir o controle da Cidade de Gaza foi aprovado pelo governo israelense após o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmar que queria assumir o controle de toda a Faixa de Gaza.

O plano aprovado, porém, se concentra especificamente na Cidade de Gaza, a maior cidade do enclave.

A decisão foi tomada depois que "uma maioria absoluta dos ministros do gabinete avaliou que o plano alternativo apresentado ao gabinete não seria capaz de derrotar o Hamas nem garantir o retorno dos sequestrados", segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.

Também foram divulgados "cinco princípios para encerrar a guerra", incluindo o desarmamento do Hamas; o retorno de todos os reféns, vivos ou mortos; a desmilitarização da Faixa de Gaza; o controle de segurança israelense sobre a Faixa de Gaza; e um governo civil alternativo que não seja o Hamas nem a Autoridade Palestina.

O anúncio do plano veio em um momento em que Israel enfrenta uma pressão internacional cada vez maior, inclusive de seus aliados, para encerrar a guerra em Gaza e permitir mais acesso a ajuda humanitária ao território.

Reações

A decisão do governo de Netanyahu recebeu críticas dentro de Israel, com o líder da oposição Yair Lapid descrevendo o plano como um "desastre".

Familiares dos sequestrados que ainda são mantidos em Gaza pelo Hamas disseram que a medida está "colocando os reféns em perigo".

No Reino Unido, o primeiro-ministro Keir Starmer disse considerar a decisão de intensificar ainda mais a ofensiva em Gaza "errada" e instou Israel a reconsiderar.

O chefe de direitos humanos das Nações Unidas, Volker Türk, alertou que uma nova escalada "resultará em deslocamentos forçados em massa, mais mortes, mais sofrimento insuportável, destruição sem sentido e crimes atrozes".

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