Coronavírus

Retomada "desigual e incerta"

A presidente do BC europeu avalia que a maneira como o vírus se espalhou e os efeitos da quarentena nos países diferenciam o ritmo de crescimento

Correio Braziliense
postado em 13/09/2020 21:37
 (crédito: Hannibal Hanschke/AFP)
(crédito: Hannibal Hanschke/AFP)

Apesar de a recuperação econômica substancial que o mundo vem tendo desde o maio, em função das medidas que governos estão tomando para amenizar os impactos da pandemia do novo coronavírus, essa retomada está sendo “desigual, incerta e incompleta” na visão de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE).

Durante participação em evento on-line do Conselho de Diretores de Bancos Centrais e Autoridades Monetárias Árabes, Christine diz que a desigualdade se dá por dois fatores principais: a maneira como o vírus se espalhou e também os efeitos diversos que as medidas de isolamento social tiveram nos setores da economia.

Ela citou a China, que teve recuperação econômica acelerada no segundo trimestre, mas que o setor industrial avança mais do que o varejo. Também mencionou os países árabes, que devem ter efeitos prolongados da pandemia em seus Produtos Internos Brutos (PIB) com a queda acentuada em receitas com turismo e a lenta recuperação nos preços do petróleo.

“A incerteza na recuperação global se dá principalmente em como a pandemia se comporta e em quanto tempo termos uma solução médica eficaz”, diz a presidente do BCE, afirmando que apesar da taxa global de infecções ter se estabilizado desde o início de agosto, surtos esporádicos nos países continuam e podem prejudicar a capacidade dos países de responder efetivamente com novos estímulos.

Em termos gerais, Christine Lagarde diz que a recuperação ainda é incompleta “porque ainda há muito o que se fazer”. A mandatária da autoridade monetária da Europa afirma que os indicadores econômicos se mantêm em níveis abaixo de patamares pré-pandemia e há uma diferença entre a retomada do setor industrial, que vem sendo mais acelerada, enquanto serviços se recuperam lentamente, ao contrário do que foi visto na crise econômica global de 2008.

A presidente do BCE aponta que as incertezas trazidas pela pandemia e a falta de uma cura estão represando o consumo e investimentos de famílias e empresas, o que reduz o ritmo da

recuperação econômica. “Está cada vez mais claro que a pandemia vai trazer uma mudança considerável em como organizamos a produção, trabalho e consumo”, pondera. Ela diz que uma maior resiliência em cadeias de produção pode encorajar uma retomada na produção mundial e a digitalização acelerada “facilitou a provisão de serviços a distância”.

Inflação
Falando sobre a recuperação econômica na Europa, Lagarde aponta que, após o primeiro passo, que foi garantir a estabilidade do mercado financeiro e gerar medidas para evitar uma desfragmentação total da economia na União Europeia, o próximo passo é garantir que a inflação retome o curso pré-pandemia e que chegue a esse ponto de uma maneira sustentável.

“O cenário econômico desafiador continua a causar pressões em preços”, fala Christine, dizendo que a queda de 0,2% na inflação na Zona do Euro em agosto, ante crescimento de 0,4% em julho, reflete uma demanda reduzida e um mercado de trabalho ainda deprimido, além da valorização recente do euro.

Para isso, diz a presidente do BCE, a continuação nas políticas fiscais expansionistas e reformas estruturais na Zona do Bloco serão essenciais até que a recuperação econômica se torne mais robusta. “Hoje, a confiança no setor privado está muito ligada à confiança nessas medidas fiscais”, comenta. Já as reformas, diz Lagarde, devem ser feitas para garantir que trabalhadores tenham as condições ideais para prosperar em um ambiente de maior digitalização na economia.

 

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Depósito do saque emergencial do FGTS

 (crédito: Divulgação)
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A Caixa Econômica Federal deposita, hoje, o saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os trabalhadores nascidos em novembro. O pagamento será feito na conta poupança social digital, aberta automaticamente pelo banco em nome dos beneficiários.

Anunciado como instrumento de ajuda aos trabalhadores afetados pela pandemia de covid-19, o valor do saque emergencial é de até R$ 1.045, considerando a soma dos saldos de todas as contas ativas ou inativas no FGTS. No total, cerca de R$ 37,8 bilhões estão sendo liberados para aproximadamente 60 milhões de pessoas com direito ao saque.

Nesta fase, o dinheiro poderá ser movimentado apenas por meio do aplicativo Caixa Tem. A ferramenta permite o pagamento de boletos (água, luz, telefone), compras com cartão de débito virtual em sites e compras com código QR (versão avançada do código de barras) em maquininhas de cartão de lojas parceiras, com débito instantâneo do saldo da poupança digital.

Já o saque em dinheiro estará disponível a partir de 14 de novembro, assim como a transferência para outra conta bancária. O calendário de crédito na conta digital e de saques foi estabelecido com base no mês de nascimento do trabalhador.

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