A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou em alta, ontem, refletindo tranquilidade diante dos resultados do primeiro turno das eleições municipais no Brasil e o otimismo dos mercados globais com as notícias positivas sobre a vacina anticovid da empresa farmacêutica Moderna. Segundo dados divulgados pela companhia, o imunizante mostrou nos testes ter mais de 94% de eficácia, acima dos 90% de produto semelhante da BioNTech e da Pfizer.
Principal indicador da B3, o Ibovespa subiu 1,63% e superou o patamar dos 106 mil pontos pela primeira vez desde março, alcançando 106.429 pontos. Já o dólar comercial caiu 0,7%% e fechou a R$ 5,437 para venda. O desempenho da economia chinesa — aumento de 6,9% na produção industrial na base da comparação anual e avanço de 5% no terceiro trimestre — também contribuiu para o desempenho positivo da Bolsa.
Cenário político
Segundo o assessor de investimentos da Messem Investimentos, Daniel Rezende, o cenário político é o principal vetor que tem conduzido a bolsa em sua volatilidade. “Os resultados positivos são algo que estamos esperando há muito tempo. E o ambiente político deste ano tem levado a bolsa para cima e para baixo, claro que isso foi maximizado pelo cenário da covid-19”, avalia.
O especialista explicou que, com o resultado das eleições americanas, parte da incerteza do mercado internacional foi resolvida. “A bolsa subiu, mas principalmente as ações daquelas empresas que estavam em queda devido ao novo coronavírus. A possibilidade do fim da pandemia fez com que os investidores voltassem a olhar para as atividades mais afetadas pelo isolamento social”, observou Rezende.
O analista ressaltou que a definição do 1° turno das eleições brasileiras também contribui para análise positiva dos investidores. “Percebemos que o Centrão ganhou muita força, o Psol levou certo protagonismo da esquerda, que não era esperado, e os candidatos apoiados por Bolsonaro não apresentaram grandes resultados. No fim, é o Centrão que se destaca, o que significa que agora eles terão maior poder de barganha”, avalia Rezende.
Segundo o analista, o lado positivo é que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, não perdeu forças com o presidente Jair Bolsonaro. “Isso é um aspecto bom, pois as negociações com o Centrão poderão ter um custo maior do que esperado para serem aprovadas no Congresso.”
Rezende diz que o mercado agora voltará sua atenção para o cenário das reformas fiscais, administrativas e de diminuição de impostos. “Antes das eleições, isso não foi feito porque nenhum candidato quer diminuir o dinheiro público para a população e perder votos. Mas isso fez com que o buraco fiscal continuasse crescendo, ou seja, agora os investidores ficarão atentos para a resolução das reformas e como isso será negociado por Paulo Guedes”, finalizou.
* Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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Bancos aumentam a estimativa de inflação
O mercado financeiro melhorou a estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas está mais pessimista com a inflação. Os economistas das principais instituições aumentaram a estimativa de inflação para este ano. A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 3,20% para 3,25%, de acordo com o boletim Focus, publicação divulgada todas as semanas pelo Banco Central (BC), com a projeção para os principais indicadores econômicos.
Em contrapartida, os analistas reduziram a projeção de queda do PIB neste ano, de acordo com a Agência Brasil. A previsão do mercado financeiro para a retração da economia brasileira em 2020 foi ajustada de 4,80% para 4,66%. Para o próximo ano, a expectativa de crescimento foi mantida em 3,31%. Em 2022 e 2023, o mercado financeiro continua a projetar expansão de 2,50% do PIB.
No caso do IPCA, foi a 14º elevação seguida na estimativa. Para 2021, a projeção de inflação passou de 3,17% para 3,22%, na quarta elevação seguida. A previsão para 2022 e 2023 não teve alteração: 3,50% e 3,25%, respectivamente.
A projeção para 2020 está abaixo do centro da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, tem centro em 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2021, a meta é 3,75%, para 2022, 3,50%, e para 2023, 3,25%.
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 2% ao ano. A expectativa das instituições financeiras é que a Selic encerre 2020 em 2% ao ano. A última reunião de 2020 do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a Selic, está marcada para dezembro. Para o fim de 2021, a expectativa é que a taxa básica chegue a 2,75% ao ano.
Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Entretanto, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.