Mercados adotam cautela

Notícia de nova cepa do coronavírus causa nervosismo entre investidores, mas comunicado da OMS acalma os ânimos. Dólar fecha cotado a R$ 5,12 e bolsa cai 1,88%. Especialistas alertam que o primeiro trimestre de 2021 será desafiador

» Edis Henrique Peres*
postado em 21/12/2020 23:39
 (crédito: Marcelo Casal/Agencia Brasil )
(crédito: Marcelo Casal/Agencia Brasil )

A nova cepa do novo coronavírus, identificada no Reino Unido, afetou a cotação do dólar e mexeu com os nervos do mercado financeiro. Em meio ao bloqueio de voos provenientes do arquipélago britânica e preocupações sobre recuperação do crescimento econômico, a moeda norte-americana operou em alta ontem e fechou o dia cotado a R$ 5,12. O Ibovespa, por sua vez, registrou uma queda de 1,88%, com 115.645 pontos. A Bolsa brasileira seguiu Londres (-1,73%) e Paris (-2,43%), entre outras, que também fecharam em queda.

Nos últimos dias a bolsa brasileira operava com otimismo, influenciada pelas notícias de vacinação nos Estados Unidos e pelo acordo de pacotes de estímulos econômicos no país. Mas as notícias do fim de semana afetaram o mercado, que passou a operar em baixa. O anúncio da mutação do vírus também afetou o preço do petróleo no exterior, com uma queda de mais de 4%. Com as novas restrições adotadas na Europa, a tendência é de uma recuperação mais lenta na demanda por combustíveis.

Também influenciado pelas notícias da pandemia, o dólar fechou em alta de 0,80%, cotado a R$ 5,1223. Ao longo do dia a moeda chegou a atingir R$ 5,22, mas arrefeceu ao longo da sessão. Para tentar segurar o preço da divisa norte-americana, o Banco Central (BC) ofereceu 16.000 contratos de swap cambial, equivalente a US$ 800,00 milhões. Com a venda de swaps, o BC diminui pressões de compra de dólares no mercado futuro.

Cenário global
Segundo Régis Chinchila, analista de Investimentos da Terra Investimentos, o mercado já está “precificando os impactos econômicos de lockdown no Reino Unido. O Ibovespa iniciou o pregão de hoje acompanhando o cenário internacional, refletindo notícias do Reino Unido com uma variante do coronavírus”, explica o especialista.

Contudo, o comunicado da Organização Mundial da Saúde (OMS), no início da tarde, com a informação de que o coronavírus já sofreu diversas mutações, acalmou os ânimos no mercado. “A OMS disse que até agora não há evidências da velocidade da contaminação e de maior fatalidade. Outro ponto importante é que reforçaram que as vacinas já em produção são eficazes também para a nova cepa da covid-19”, pontuou o especialista.

Para Chinchila, o comunicado ajudou a diminuir a pressão vendedora ao longo da tarde. “Investidores também refletiram o pacote de estímulos de US$ 900 bilhões nos EUA”, ponderou.

Cenário futuro
Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, notou que a maior queda foi no setor aéreo, de turismo, petróleo e hotéis. “A mutação do coronavírus preocupa o mercado principalmente porque estamos em um período festivo, com muitos encontros familiares. E o Brasil está muito interligado ao mercado internacional”, observou.

Bertotti ressaltou, no entanto, que a atual situação é diferente da ocorrida no início da pandemia. “Já conhecemos mais sobre a doença, já temos vacinas desenvolvidas, algumas com mais de 90% de eficácia, o mundo está mais preparado do que no começo do ano”, elencou.

O economista da Messem Investimentos está mais preocupado com o cenário interno, particularmente no primeiro trimestre de 2021. Para ele, o ambiente doméstico será de grande desafio para a economia. “Temos uma dívida PIB (Produto Interno Bruto) alta, a questão fiscal ainda para resolver e o embate político sobre a vacina. Todos esses aspectos terão peso no começo do próximo ano. Além disso, os países que conseguirem conduzir um plano de vacinação mais rápido, também serão aqueles que terão uma retomada na economia mais rápida”, concluiu.

* Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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