Mercado S/A

Amauri Segalla
postado em 21/02/2021 21:33
 (crédito: Nelson Almeida/AFP - 16/3/20)
(crédito: Nelson Almeida/AFP - 16/3/20)

Mercado financeiro irá abandonar Bolsonaro?
O mercado financeiro começa a desembarcar em peso do governo Bolsonaro. Após longo período de paixão não correspondida pelo presidente, o setor, enfim, admite (com demora, diga-se) que a agenda liberal foi negligenciada — ela, na verdade, jamais esteve presente de corpo e alma na atual administração. A gota d'água foi a troca de comando na Petrobras por interferência direta do presidente. “Militar de carreira. Um general. Meu Deus!”, escreveu, no Twitter, Raphael Figueredo, sócio da casa de análise Eleven Financial e uma das vozes mais relevantes entre a turma das finanças. “Mais um 7 a 1”, disse James Gulbrandsen, gestor da NCH Capital, comparando a decisão de Bolsonaro à derrota sofrida pela seleção na Copa de 2014 para a Alemanha. “Mais uma bola fora, seu Jair”, afirmou Renato Breia, fundador da Nord Research. “Dia triste para quem trabalha e torce por um país melhor”, publicou Heloísa Cruz, gestora do clube de investimentos Stoxos, após ser informada sobre as mudanças na Petrobras.

 

Pequeno investidor também sofrerá
A ingerência de Bolsonaro na Petrobras prejudicará milhões de investidores. A Petrobras é a empresa de maior peso no Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, e provavelmente puxará o mercado para baixo. Bolsonaro talvez tenha calculado que a decisão afetaria apenas a Faria Lima, em São Paulo, e o Leblon, no Rio, que concentram as empresas de investimentos. Ele está errado. A bolsa tem 3,2 milhões de pessoas físicas cadastradas — como elas irão reagir à queda das ações?

 


"Com o valor de mercado que a Petrobras perdeu (R$ 30 bilhões), dava para o governo brasileiro virar o segundo maior acionista da Moderna e ainda sobrava dinheiro para comprar umas 70 milhões de doses de vacina da Pfizer”

Thomas Conti, economista e professor do Insper

 


Ex-integrantes do governo criticam decisão do presidente
O ataque de Bolsonaro à Petrobras irritou ex-integrantes do governo. “Lamentável a decisão de tirar Roberto Castello Branco do comando da Petrobras”, disse o empresário Salim Mattar (foto), ex-secretário de Desestatização. Paulo Uebel, ex-secretário de Desburocratização, foi além. “Roberto Castello Branco foi demitido por estar fazendo o trabalho certo: blindar uma empresa estatal contra o uso político, contra o populismo”, afirmou. “Nunca o governo Bolsonaro foi tão parecido com o governo Dilma.”

 

Empresários dizem que agenda liberal acabou
Empresários que participam de um grupo de WhatsApp estão furiosos com o presidente. “Bolsonaro 'dilmou' de vez”, disse o dono de uma gigante varejista, após saber da demissão de Roberto Castello Branco da Petrobras. “Isso é um escândalo, um estelionato eleitoral. Não tem agenda liberal alguma. Uma tristeza”, retrucou o executivo de uma empresa da área de energia. Nenhuma outra medida de Bolsonaro incomodou tanto e não será fácil para o presidente recuperar a confiança da elite econômica.

 


1.700
lojas em 750 cidades brasileiras. Esse seria o tamanho da rede resultante de uma possível fusão entre Lojas Americanas e B2W. As empresas criaram comitês especiais para avaliar o negócio

 


Rapidinhas

» A ArcelorMittal inaugura hoje a sua primeira loja própria em Belo Horizonte. Segundo a empresa, o espaço oferecerá cerca de 200 produtos e soluções em aço principalmente para o consumidor final (pedreiro, serralheiro, arquiteto, empreiteiro, pequena indústria ou pessoa que utiliza a liga metálica para construção ou reforma de casas).


» A ideia é ampliar o projeto. “O mercado é muito atraente e a nossa intenção é abrir mais uma loja no segundo trimestre do ano”, diz René Kahler, diretor de Vendas Regionais da ArcelorMittal Aços Longos. Trata-se da 11ª loja própria da produtora de aço desde 2017. Outras cinco serão abertas em 2021.


» A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Sebrae destinarão R$ 2,6 milhões para o programa “Indústria Global”, que consiste na capacitação de 240 micro e pequenos empresários interessados em desbravar o comércio exterior. Temas como marketing e logística internacional serão oferecidos em workshops e webinars.


» Metade do faturamento de um supermercado de médio porte é representado por 4% de todo o seu mix de produtos. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela SuperOpa, marketplace da indústria de alimentos que faz a conexão entre o distribuidor e o consumidor final. Com dados como esses, a empresa diz que pode ajudar as redes a aumentar as vendas.

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