PIX

O desafio da segurança

Ferramenta de pagamentos instantâneos comemora um ano com medidas para evitar fraudes

Fernana Strickland
postado em 17/11/2021 00:01
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Após um ano do lançamento, o Pix, o programa de pagamentos instantâneo desenvolvido pelo Banco Central, caiu no gosto dos consumidores e vem batendo recordes no volume de transações. Conforme dados do BC, até outubro, foram contabilizadas 348,1 milhões de chaves Pix cadastradas. E, desde que iniciou a operação até outubro, a ferramenta realizou 7 bilhões de transações. No entanto, o Pix também enfrenta desafios. No dia do primeiro aniversário do programa, entraram em vigor novas medidas de segurança, já que não param de crescer as estratégias usadas pelos criminosos para fraudar os usuários.

Entre as medidas que começaram a valer estão o bloqueio preventivo dos recursos em caso de suspeita de fraude, notificações obrigatórias de transações rejeitadas e devolução de valores pela instituição recebedora em casos de fundada suspeita de fraude ou de falha operacional nos sistemas das instituições participantes do serviço.

Contudo, segundo o advogado especialista em cobrança e direito do consumidor, Afonso Morais, sócio da Morais Advogados, ainda é fundamental a atenção redobrada dos usuários. "Normalmente, os golpistas se aproveitam de falhas ou da desatenção das vítimas. Assim, todo o cuidado é pouco na utilização da ferramenta, pois, se ela facilita as transações, também facilita os golpes", alertou.

Um dos mais comuns é o dos falsos funcionários de instituições financeiras. "Nesse tipo de golpe, o falso funcionário oferece ajuda para cadastro da chave Pix, ou afirma a necessidade de realizar algum teste, induzindo à realização de transferência bancária que será feita na realidade para a conta dos golpistas", explicou Morais.

O segundo golpe mais usado é o do falso sequestro. "A pessoa entra em contato com a vítima, afirmando que sequestrou alguém da família e exige um resgate. A golpista aproveita o desespero da pessoa, levando a pessoa a fazer a transferência".

"O terceiro mais comum é o golpe do 'bug'. Ele se aproveita da má-fé da vítima, pois espalha em redes sociais (vídeos ou mensagens de WhatsApp, por exemplo) afirmando que o Pix está com alguma falha em seu funcionamento e é possível ganhar o dobro do valor que foi transferido para chaves aleatórias. Contudo, ao tentar tirar proveito dessa ação a vítima enviará dinheiro para golpistas", explica o especialista.

Para Morais, as pessoas devem sempre suspeitar de mensagens pedindo dinheiro, principalmente quando são urgentes. "Antes de qualquer ação busque ter certeza de quem está falando", recomenda.

"Uma medida simples para evitar golpe é habilitar, no aplicativo, a opção 'Verificação em duas etapas'. Basta acessar e seguir o seguinte caminho: Configurações/Ajustes > Conta > Verificação em duas etapas. Desta forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo app".

Para Afonso Morais, é importante lembrar que instituições financeiras não solicitam dados pessoais ativamente e bancos não fazem testes de Pix. "Sem contar que os sistemas bancários são muito avançados para terem um 'bug' que dê dinheiro às pessoas", alertou.

Sucesso

Apesar do desafio da segurança, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que não faltam razões para comemorar o sucesso da ferramenta. "Temos inúmeros motivos para celebrar", disse ele, ontem, em pronunciamento nas redes virtuais. "Há exatamente um ano nesta data eu disse que o Pix mudaria os hábitos nos meios de pagamentos e impactaria no dia a dia das pessoas e das empresas no Brasil", afirmou. Para ele, o Pix e foi muito bem aceito pela população devido ao custo baixo, mas ainda não atingiu todo o potencial.

"Há um universo de possibilidades para negócios mais eficientes no comércio eletrônico", disse. Ele citou novas funcionalidades que devem entrar em operação nos próximos anos, como o Pix saque, operações de pagamentos sem conexão com a internet e as transferências instantâneas entre países, o que depende de acordos com outros bancos centrais.

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