custo de vida

Corrida aos postos no DF

Motoristas formam longas filas para abastecer os veículos antes do reajuste. Dois estabelecimentos ficaram sem gasolina

Pouco depois do anúncio do novo reajuste da Petrobras, consumidores de Brasília correram para os postos para abastecer seus veículos. O reajuste de 18,8% da gasolina e 24,9% do óleo diesel foi anunciado ontem pela companhia e entra em vigor a partir de hoje.

No posto da Torre, onde a gasolina comum custava R$ 6,78 o litro, motoristas formaram longas filas para fugir dos efeitos do reajuste no bolso. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do combustível em Brasília até ontem era de R$ 6,791.

À noite, já não era possível encontrar gasolina em alguns postos de combustíveis. Com o grande fluxo de motoristas, alguns estabelecimentos fecharam mais cedo. Em outros, o combustível não foi suficiente.

Na 105 Sul, um posto de gasolina fechou mais cedo para que os funcionários conseguissem ir embora no horário, já que motoristas formavam fila desde a manhã. No local, a gasolina só não acabou porque as bombas foram reabastecidas duas vezes ao longo do dia.

Na 212 Sul, o combustível acabou por volta de 21h20. O mesmo aconteceu na 208 Sul, onde mais um posto ficou com as bombas sem combustível. A gasolina comum acabou por volta das 19h, mas ainda era possível encontrar a aditivada e o etanol.

O Correio percorreu mais de 10 pontos de abastecimento no DF. Motoristas estavam insatisfeitos com o novo aumento de 18,7%, que deve elevar o preço da gasolina para mais de R$ 7. "Eu vim correndo para o posto quando fiquei sabendo do aumento. Está muito difícil sair de casa com o carro, eu preciso do carro para trabalhar e está cada dia mais complicado manter", relatou a pedagoga Edinalva Clemente, que ficou mais de 40 minutos na fila de um posto na 110 Sul. "Com esses aumentos de gasolina, a gente sempre fica refém porque precisamos sair de casa para trabalhar. O transporte público não funciona bem. Então, a gente não tem outra saída", lamentou.

Leandro da Costa faz entrega por aplicativos e foi o mais rápido possível abastecer o carro em um posto da Asa Sul. "Como a gente precisa do carro, vim correndo pra cá, porque já ajuda na renda, pra amenizar um pouco. Tá caríssimo, difícil manter o carro", confessou.

Após espera de uma hora, o operador de telemarketing Matheus Passagli foi ao posto mais barato para abastecer. "Vim direto nesse aqui porque tava mais barato". Com a alta nos preços, Matheus não descarta reduzir o uso do carro. "Se aumentar muito, é o jeito. Gera preocupação".

As distribuidoras passam a receber, a partir de zero hora de hoje, o produto mais caro. Na primeira hora do dia, os pontos de abastecimento devem repassar o reajuste para os consumidores. "Depende do estoque de cada posto de gasolina, mas é provável que chegue logo ao consumidor. O aumento é muito grande, representa praticamente 10% do preço da bomba", alertou Paulo Tavares, presidente do Sindicato de Combustíveis do DF, o Sindicombustíveis.