Funcionalismo /

Policiais federais sobem o tom

Delegados aumentam a pressão sobre o governo para obter reestruturação da carreira e ganho salarial, decidem participar de manifestação na próxima semana e aprovam indicativo de paralisação das atividades

Deborah Hana Cardoso
postado em 22/04/2022 00:01

Em clima de inconformismo com o reajuste de 5% aos servidores federais anunciado na semana passada, delegados da Polícia Federal decidiram aumentar a pressão sobre o governo para que as reivindicações da categoria sobre correção salarial e reestruturação das carreira sejam atendidas. Em assembleia na noite da última terça, a Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) aprovou a participação de delegados nas manifestações de policiais federais marcadas para a próxima quinta-feira e um indicativo de paralisação das atividades — medida que precisa ser ratificada na próxima reunião, marcada para 2 de maio.

A ADPF decidiu, ainda, que fará reuniões com presidenciáveis para "expor a necessidade de um verdadeiro compromisso com a valorização dos policiais da União, o que não ocorreu nos últimos anos". A deliberação desta semana representa uma vitória da ala que defende uma ruptura com o presidente Jair Bolsonaro (PL), após a frustração com o reajuste anunciado.

Bolsonaro havia prometido reestruturar as carreiras policiais, medida que resultaria em um aumento salarial entre 16% e 20%, a fim de suprir perdas inflacionárias. "Até o momento (o presidente) não assinou a medida provisória de reestruturação das carreiras policiais federais, cujo orçamento, de 1,7 bilhão, já foi aprovado pelo Congresso. O sentimento de frustração da categoria se amplifica diante do noticiado reajuste linear para os servidores públicos federais", afirmou a ADPF, em nota.

Os delegados federais também decidiram fazer uma cobrança em massa nas redes sociais do governo e do presidente. Eles defendem que sejam expostos vídeos que mostram o chefe do Executivo firmando compromissos de recomposição a valorização dos policiais.

A ADPF também pretende expor, em todos os eventos oficiais do órgão, as quatro trocas do comando da PF feitas por Bolsonaro em sua gestão, apontando a desvalorização da corporação pelo governo.

A entidade afirmou, ainda, que não ficará mais "inerte ao uso da corporação como "ferramenta publicitária e de marketing político" do governo. "Alinhados aos sentimentos de todas as forças de segurança ligadas ao Ministério da Justiça, que viram a pauta da segurança pública ser alçada como bandeira pelo governo enquanto os policiais não receberam qualquer valorização do seu trabalho e sacrifício, os delegados federais aprovaram de forma categórica todas as medidas apresentadas na assembleia", resumiu a ADPF em nota.

A segurança pública é uma das bandeiras do presidente desde a campanha eleitoral, em 2018, tanto que seu primeiro ministro da Justiça foi o ex-juiz Sergio Moro — hoje desafeto —, celebrizado na Operação Lava-Jato. A pasta, atualmente, é ocupada por Anderson Torres, que é delegado da Polícia Federal.

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