Eletrobras

Governo oficializa privatização

Ministro da Economia critica oposição e afirma que, fora do controle estatal, empresa ampliará investimentos

Michelle Portela
postado em 15/06/2022 00:01
 (crédito: Alan Santos/PR)
(crédito: Alan Santos/PR)

A privatização da Eletrobras, maior empresa nacional do setor elétrico, foi oficializada e comemorada pelo governo em cerimônia, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) e vários auxiliares do primeiro escalão. No evento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a passagem do controle acionário para o setor privado vai destravar os investimentos de que o país precisa no setor elétrico.

"A Eletrobras agora está livre, está capitalizada. Ela é a garantia da segurança energética do Brasil nessa dimensão renovável", afirmou o ministro. Ele lembrou que a companhia precisava investir R$ 15,7 bilhões por ano para manter a fatia de mercado, mas não conseguia investir R$ 3 bilhões. Em tom de campanha, Guedes aproveitou para criticar a oposição.

De acordo com o ministro, a estratégia vai estar no discurso de campanha para a reeleição do presidente, quando algum candidato da oposição afirmar que o governo "está vendendo o patrimônio do Brasil". E a resposta será a seguinte: "Vocês quebraram o Brasil e desviaram recursos. O Brasil foi assaltado. O que vamos fazer é o contrário. Recuperamos essas empresas e vamos deixar o legado para as gerações futuras", disse.

Segundo ele, a partir de agora, a companhia poderá investir nas fazendas de energia eólica pela costa brasileira. "Estamos devolvendo essa liberdade para voar", afirmou.

Criada em 1961 com o objetivo de assegurar o fornecimento de energia elétrica aos brasileiros, a Eletrobras é a maior empresa nacional do setor, responsável por quase um terço da energia gerada no país e mais de 40% das linhas de transmissão.

A capitalização da companhia com a oferta de novas ações a investidores privados movimentou um total de R$ 33 bilhões. O plano apresentado à Comissão de Valores Monetários (CVM) era reduzir a participação da União de 72% para 45%. No entanto, até o momento, a empresa não informou a nova composição acionária.

O presidente da Eletrobras, Rodrigo Limp, afirmou que a recuperação financeira da companhia, nos últimos anos, contribui para o resultado da capitalização. Gustavo Montezano, presidente do BNDES, instituição que elaborou o modelo de capitalização, afirmou qie "o tempo vai mostrar a magnitude desse momento".

Ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, também compareceu à cerimônia e dividiu a tribuna com o atual titular da pasta, Adolfo Sachsida. E lembrou que "a nova corporação terá a obrigação de investir R$ 8,7 bilhões nas regiões do Norte e Nordeste. Em palavras simples, o Brasil venceu", disse.

Protesto

Enquanto ministros, investidores e o presidente da República selavam a primeira grande privatização da atual administração federal, manifestantes se concentraram em frente a sede da B3 para criticar o governo e o valor da conta de luz. Alguns levantaram cartazes com dizeres "Fora Bolsonaro", "Fora Guedes" e "O preço da luz é um roubo". A concentração contou com a participação de petroleiros, sindicalistas, atingidos por barragens e trabalhadores sem teto. (Colaborou Rosana Hessel)

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