reciclagem

Bitucas de cigarro viram renda

Parceria entre hospital oftalmológico, empresa de reciclagem, UnB e GDF transforma filtros em celulose empregada na produção de matéria-prima artesanal

Correio Braziliense
postado em 21/09/2022 14:03 / atualizado em 21/09/2022 14:07
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Cadernos, esculturas, pesos de papel e afins. Tudo pode virar arte com lixo, nesse caso, a arte se faz dos filtros de cigarros, conhecidos como bitucas. Além disso, a reciclagem gera renda para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Uma parceria entre diversas instituições está reciclando as bitucas e gerando matéria-prima para que cidadãos acompanhados por uma Organização da Sociedade Civil (ONG) transforme tudo em objetos prontos para serem vendidos.

“Totalmente livre de toxicidade, esse papel é doado para a ONG No Setor para que possam criar peças e gerar renda da venda desses produtos. Acredito que esse tipo de ação seja obrigatório para empresas que pensam no meio ambiente”, explica a diretora executiva do Hospital Oftalmológico Pacini, Natália Pacini, apoiadora do projeto.

Um dos destaques dessa iniciativa é o fato de a reciclagem utilizar tecnologia 100% brasiliense. “Por meio de um processamento inovador desenvolvido pela Universidade de Brasília (UnB), é possível fazer essa transformação”, enfatiza Marcos Poiato, presidente da Poiato Recicla, responsável pelo trato dos filtros.

A reciclagem de bitucas de cigarro era algo inédito no Distrito Federal. Desenvolvido no departamento de química da universidade, esse trabalho se caracteriza pelos benefícios ambientais com foco em ações de educação ambiental, que acabou por culminar em iniciativas de inclusão social e geração de renda. “Todas as etapas da reciclagem foram criadas por um ex-aluno em parceria com um de nossos professores. Ao fim, resulta no aproveitamento quase que integral desses filtros”, detalha a professora da UnB, Thérèse Hofmann.

Como forma de apoiar o projeto, o Hospital Pacini instalou 100 lixeiras exclusivas para a coleta dessas pontas em diversos locais do Plano Piloto, onde há maior trânsito de pessoas. “O poder fazemos questão de apoiar essa ideia, pois trata-se de uma iniciativa que preserva tanto a saúde das pessoas quanto o meio ambiente”, destaca Natália Pacini.

Descarte irregular
Estima-se que 7,5 bilhões de bitucas sejam descartadas todos os dias no planeta e que 5,6 trilhões cigarros sejam fumados todos os anos mundialmente. Isso faz desse produto o lixo mais comum na Terra. Os impactos do rejeite irregular desse material são inúmeros. No Distrito Federal, por exemplo, estão os incêndios florestais, principalmente nesse período de seca.

Até agosto deste ano, o DF registrou aumento de 17,9% no número de ocorrências de incêndios. De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram 5.344 casos e, 2022 na capital, isso significa 812 registros a mais em comparação ao ano passado. Segundo as autoridades, entre as principais causas está o descarte de pontas de cigarro, geralmente, jogadas de carros em movimento.
Além da reciclagem, o posicionamento de ESG (governança social, ambiental e corporativa) é produzir campanhas de educação da sociedade para o descarte correto de bitucas de cigarro, mostrando a todos os impactos positivos dessa prática.

Acompanhamento e Monitoramento do Projeto
Afim de acompanhar o andamento do Projeto, foi realizado no mês de setembro um encontro entre as entidades apoiadoras e participantes. A Palestra mostrou a origem do projeto e apresentou os indicadores do trabalho realizado ao longo dos anos. O objetivo é transformar os colaboradores em multiplicadores da importância do projeto, de suas ações na sociedade e meio ambiente.

Alguns dados relevantes foram apresentados. Ente os principais problemas do descarte incorreto das bitucas temos a demora de mais de 17 anos em sua decomposição e o acúmulo de mais de 7 mil de substâncias tóxicas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) as guimbas ou bitucas de cigarros representam de 30 % a 40% dos lixos encontrados nas ruas e praias. Outro problema que afeta substancialmente o meio ambiente é que os animais confundem as bitucas com alimentos, levando para os seus ninhos.

Com o projeto em andamento, temos como resultado no Brasil mais 12 milhões bitucas recicladas em 82 cidades. Em Brasília, em 3 meses de execução do projeto, já foram coletadas 87.490 bitucas, o equivalente a 34,95 kg de lixo tóxico retirado do meio ambiente.

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