O principal torneio continental de clubes do mundo recomeça hoje, e o futebol brasileiro (ainda) tem muito a aprender com a Uefa Champions League (UCL). Enquanto os nossos cartolas cometem um dos sete pecados capitais — avareza — na esdrúxula reengenharia do calendário, a Europa dá lição de flexibilidade em tempos de pandemia do novo coronavírus.
A entidade máxima do futebol europeu aprendeu apanhando. Alguns jogos das oitavas foram bombas biológicas antes da paralisação mundial das competições. A Uefa decidiu abrir mão de quase tudo o que havia planejado para a temporada em nome da conclusão segura do megaevento.
Os duelos de volta pendentes das oitavas serão com portões fechados onde estavam programados: Juventus x Lyon, na Itália; Manchester City x Real Madrid, na Inglaterra; Bayern Munique x Chelsea, na Alemanha; e Barcelona e Napoli, na Espanha. PSG, Red Bull Leipzig, Atlético de Madrid e Atalanta esperam os resultados. Depois, é “Copa do Mundo”, amigo.
A partir das quartas, todos os jogos serão em Portugal, nos estádios da Luz e José Avalade, em sistema de jogo único. A final estava programada para Istambul, na Turquia. Mudou para Lisboa. Sem pandemia, a UCL precisaria de mais 17 jogos para acabar. Com a crise sanitária, a tabela prevê 11 partidas. Na prática, menos viagens. Menos risco de contaminação.
Se a Uefa cedeu, por que o futebol brasileiro é tão avarento? O que justifica a manutenção das finais dos estaduais ou da recém-encerrada Copa do Nordeste com dois jogos? Não há público, um dos fatores capazes de desequilibrar. Logo, basta partida única em campo neutro.
É óbvio que o clima, em Itaquera, seria outro com a Fiel empurrando o Corinthians contra o Palmeiras na quarta-feira; ou a torcida alviverde lotando o Allianz Parque na decisão de amanhã do Paulistão. Hoje, é impossível. Não faz sentido inchar o calendário com decisões em ida e volta no Carioca (encerrado), Paulista, Mineiro, Gaúcho... É desperdício de datas.
A Uefa e os candidatos ao título da Champions League entenderam isso. Camisas pesadas do futebol mundial entraram em consenso. Aqui, não. O Candangão, por exemplo, terá duelos de ida e volta nas quartas, semifinais e decisão. É, no mínimo, bizarro.
O Brasileirão começa amanhã. Defendo o sistema de pontos corridos, mas, às vezes, é preciso abrir mão até da própria convicção em tempos de crise. É interessante 380 jogos (ida e volta) sem público? Excesso de viagens, risco de infecção... Mas estamos no país do futebol avarento.
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