Entre 1º de agosto de 2019 e julho deste ano, o desmatamento na Amazônia cresceu 34,5%, passou de 6,8 km² para 9,2 mil km², segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Apesar da maior perda dos últimos cinco anos, o vice-presidente e coordenador do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão, comemorou a queda registrada em julho ante o mesmo mês do ano passado — perda de 1.654,32 km² contra 2.255,33 km². Ainda assim, o resultado é o segundo pior da série histórica iniciada em 2015.
Para Mourão, a diminuição da área desmatada em julho sinaliza uma tendência de queda. E mostra que tem sido positivo o trabalho da Operação Brasil Verde-2. Mas, só no fim de 2020, será possível verificar se o prognóstico do vice-presidente tornou-se realidade. Hoje, os predadores da Amazônia agregaram a velha técnica da queimada para abrir áreas na floresta, destinadas à pecuária.
O Brasil vem enfrentando pressões de investidores nacionais e estrangeiros, devido à expansão da derrubada da floresta. Os empresários avisaram que devolveriam às gavetas os planos de investimentos, caso o país não contivesse a devastação. Ou seja, pelo menos 3,2 trilhões de dólares não chegariam ao Brasil. Os principais doadores do Fundo Amazônia, Alemanha e Noruega, suspenderam a colaboração, uma vez que o governo prentendia redirecionar os recursos à regularização fundiária, beneficiando, em grande parte, grileiros de terras públicas na região.
O secretário executivo do Observatório do Tempo Clima, Márcio Astrini, ao analisar o grave quadro de devastação do patrimônio natural, não só da Amazônia, mas também de outros biomas, afirmou que a situação está descontrolada. Em nota, a instituição afirma que a “alta do desmatamento não é inépcia; é projeto”.
Anteontem, em um encontro organizado pelo Aspen Institute, um centro de estudos de Washington, o ministro da Economia, Paulo Guedes, mostrou-se irritado quando questionado sobre a política ambiental do governo Jair Bolsonaro. Ele disse que a Amazônia é assunto que diz respeito ao Brasil e lembrou que os americanos “desmataram suas florestas”. Citou, ainda, escravidão e mortes de índios nos EUA.
A Conferência Mundial do Meio Ambiente (Rio-92), ocorrida no Rio de Janeiro, deu sinais claros de que o mundo estava em processo acelerado de mudança. O desenvolvimento econômico não poderia ser dissociado da sustentabilidade ambiental. Recorre-se a fatos históricos nefastos para não repeti-los no presente nem no futuro. Criticar os erros de americanos e europeus, que destruíram seus patrimônios ambientais, em nada colabora para o país recuperar a sua desgastada imagem diante das nações desenvolvidas.
Pelo contrário, reforça a compreensão de que o Brasil caminha em direção oposta à tendência mundial, manifestada por 195 países que subscreveram o Acordo de Paris, e afasta potenciais investidores quando o caixa da União foi arrasado pela pandemia e há quase 13 milhões de desempregados e outros 38 milhões de invisíveis.
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