Lago Sul, fim
Entra e sai ano, o governo Ibaneis coloca à venda a Praça do Poeta, assim batizada pelos moradores o coração verde no centro do Lago Sul, um pedaço de cerrado primitivo duramente conservado até agora, para onde confluem as QL 14, QI 16 e QL 16. Desde a era Rollemberg, há um esforço permanente no GDF para minar a qualidade de vida do bairro. Os moradores ainda não se acostumaram à permissão para indústria, comércio e escritórios onde deveriam estar residências, e querem levar também, o patrimônio ecológico. Ibaneis ouviu aquele ministro mal acomodado na cidade e aproveitou a paralisia geral com a pandemia para abrir a porteira ambiental a fim de fazer passar a boiada tocada pelo mercado imobiliário. Até quando a qualidade de vida antes invejada terá de ceder terrenos — e matas — para os negócios. Querem confinar o Sudoeste longe de árvores, abrir a área da Rodoferroviária para fechar o cerco ao Plano Piloto, até quando? Não seria honesto incluir nas mudanças a nomenclatura do Lago Sul? O nosso SHIS tornou-se arcaico como o original Setor de Habitações Individuais Sul.
» Antonio Carlos Antunes Scartezini,
Lago Sul
Covardia
A notícia é de hoje, mas é costumeira: padrasto espancava bebê com chicote, sob pretexto de educá-lo. Esse argumento não cola mais. Bate-se porque criança é indefesa. Mãe apoiava a educação pelo chicote. Notícias sobre diversos tipos de violência contra crianças são cada vez mais frequentes e contam com aprovação tácita ou declarada dos circunstantes. O pretexto é sempre o mesmo, pela quase certeza da impunidade. Bater em criança não passa de covardia.
» Thelma B. Oliveira,
Asa Norte
Cartórios
Segundo reportagens recentes, os titulares de cartório são a profissão mais rentável do país. Isso reflete muito sobre a economia, a burocratização e a estatização no Brasil. Cartórios e tabelionatos gozam de privilégios como a reserva de mercado, que caracteriza monopólio, e as tarifas tabeladas, que caracterizam cartel, mas, como envolvem a coerção estatal e serviços eminentemente públicos, e não da livre iniciativa privada, insere-se na legalidade. Alia-se a isso a demanda artificial garantida pela exigência que obriga os indivíduos e as empresas a usarem serviços como reconhecimento de firma, cópia autenticada, registros de títulos, documentos, certidões e outras burocracias (algumas sem sentido e outras até compreensíveis), que forçam a prova da boa-fé e lançam a suspeita como malefício da dúvida. Quem paga a conta, claro, é a população. Enquanto os titulares de cartórios são chamados de notários, nós, o povo, somos os otários.
» Ricardo Santoro,
Lago Sul
Juscelino
Ao ler o excelente texto de Silvestre Gorgulho, JK: sentimento de um povo ( 21/8, pág.9), veio-me à mente a lembrança do meu querido e saudoso pai. Daquele cidadão, íntegro, do qual ouvia dizer: a nossa melhor arma é o voto. Perante as urnas se apresentava, sempre, com os seus melhores ternos e sapatos sociais. Cedo, me fez entender a importância desse ato: votar. Lembrei-me da sua expressão de alegria ao retornar da urna e, com o seu largo e cativante sorriso, afirmar: “Votei naquele que vai melhorar esse país; votei em JK. Com o seu lema de campanha, “cinquenta anos em cinco”, após eleito, JK colocou o país numa sucessão de importantes e inadiáveis empreendimentos que lavaram a alma do nosso povo. Pena que, para alcançar o tão pretenso “grande país do futuro”, tão exaltado por nossos professores naquela época, seus sucessores não tiveram o mesmo entusiasmo e as mesmas aptidão e seriedade de lidar com a coisa pública em benefício de todos, como foi Juscelino; e não somente dos seus, como tem sido a grande maioria de nossos políticos.
» Vilmar Oliva de Salles,
Taguatinga
Falso negativo
Até que não demorou muito. Mais um escândalo no governo do DF. O primeiro foi em torno da merenda escolar. Agora, vemos a Operação Falso Negativo levar para a cadeia o secretário de Saúde e outros integrantes do primeiro escalão da pasta por desvio de dinheiro público na compra de testes para covid-19. Isso é muito vergonhoso. Apesar de o DF não ser o primeiro e, tranquilamente, não será o último, e é inaceitável que os responsáveis pelas políticas de um setor tão sensível, responsável pela vida e pela morte de pessoas, façam falcatruas com o dinheiro público, colocando toda a sociedade em risco. No entanto, tão ou mais grave está por vir. Esse pessoal endinheirado vai contratar uma poderosa banca de advogados, que lhes reduzirá o lucro com a corrupção e, em poucos dias, estarão soltos, lépidos e fagueiros para usufruir do resultado do crime. O juiz de plantão dirá, como vem ocorrendo, na liminar do pedido habeas corpus, que não se justifica a privação de liberdade, pois os criminosos não oferecem risco à integridade física das pessoas. Ora, como não? A corrupção está na raiz das causas da desigualdade e da miséria, irrigada pela insensibilidade dos governantes. Ela é a causa de milhares de mortes pelo acesso de milhões de brasileiros aos serviços essenciais. É preciso dar um basta às benevolências do Judiciário e punir com rigor os corruptos.
» Jorge de Oliveira,
Taquari
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