A operação do Ministério Público do Distrito Federal, que resultou na prisão preventiva de toda a cúpula da Secretaria de Saúde, estarreceu a capital esta semana. As denúncias vão de direcionamento para compra de testes de covid-19 à lista vip para a entrega de resultados, primeiro, para pessoas influentes.
As supostas irregularidades vieram à luz no momento em que o DF enfrenta o pior da pandemia, quando atingimos o platô com um número alto de contágio e de mortos pela doença. E o governo continua relaxando as medidas de isolamento. Essa semana foi publicado decreto permitindo a presença de crianças menores de 12 anos em templos religiosos. Praticamente todas as atividades estão liberadas na capital e, nem todos os segmentos cumprem os protocolos sanitários para evitar a disseminação do vírus.
Parte da população parece viver numa realidade paralela, em algum tempo passado ou futuro, onde não existe um vírus infectando e matando milhares diariamente no Brasil e no mundo. Festas em embarcações no lago, aglomeração às margens do espelho d’água; organização de festas clandestinas, por meio de redes sociais fechadas.
Outra parcela, lutando com unhas e dentes para a retomada das aulas presenciais. Segmentos da economia defendendo o fim do home office para “salvar o comércio”. E quem vai garantir as condições para salvar as vidas dos que ficarem doentes? Os nossos governantes? Seis meses se passaram desde o início da pandemia, ainda há alguém que acredita nisso?
Os brasilienses e os brasileiros precisam entender que este não é um país sério, de políticos comprometidos com a nação. E que, no cenário atual, já está claro, há muito tempo, que é cada um por si. Isso significa que, se você não garantir o seu bem-estar, seguindo as recomendações sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS), ficando longe de quem se acha imune à covid-19, ninguém o fará por você.
Vidas perdidas não voltam. Mas, em memória delas, resta-nos ter esperanças de que as denúncias nos tribunais internacionais sejam aceitas e os genocidas, punidos perante o mundo. E que as investigações de corrupção na saúde do DF levem os responsáveis ao banco dos réus. Justiça (se houver) é o mínimo que as famílias em luto merecem.
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