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Gilmar Mendes e o MST

Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
postado em 27/08/2020 20:52


Muita coisa pode ser dita sobre o encontro que reuniu, neste mês, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e as lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), ladeadas pelos principais partidos que fazem oposição cerrada ao atual governo. De tudo o que foi dito, pelos que defenderam nesse encontro e por aqueles que criticaram com veemência na reunião, tão esdrúxula e inusitada, o mais improvável e inverídico é que esse diálogo se deu em nome da construção da democracia em nosso país.
A premissa de que só se constrói a democracia com diálogo, como afirmada pelo próprio ministro, é sabidamente verídica. Só há entendimento entre as forças que compõem a sociedade por meio da conversa e do entendimento. A fala de Mendes, tratado como convidado de honra no encontro, mostra que, em certos casos — e esse é um deles —, o diálogo com os radicais, autointitulados como o exército brancaleone do ex-presidente Lula, disposto a tudo, inclusive a pegar em armas para defender o indefensável, não pode ter lugar dentro de parâmetros legais, uma vez que esse grupo não reconhece, sequer, os limites legais fixados pela sociedade.
Portanto, trata-se, aqui, de um diálogo do tipo fake e até perigoso para as instituições, pois aponta, por meio de um de seus representantes, na figura de um ministro da Suprema Corte, o reconhecimento e o acolhimento de um grupo de foras da lei. Não é preciso lembrar aqui ao ministro que o MST é um movimento que, por si só, não existe como personalidade jurídica. Ninguém sabe quem são oficialmente seus dirigentes, sua sede, seu estatuto, seu registro junto aos órgãos de Estado ou qualquer outro registro legal.
Fosse esse o único problema com o MST, tudo poderia ser resolvido com o auxílio de um despachante junto a um cartório, como fazem todos os brasileiros de bem. O problema é que esse movimento é flagrantemente uma organização que despreza as leis e age, de modo destemido, com métodos claramente criminosos, invadindo propriedades, queimando lavouras, matando gado, ameaçando produtores, incendiando sedes rurais, plantações de espécies destinadas às pesquisas e outros delitos continuados. A maioria dos seus dirigentes responde a processos. Alguns líderes já estiveram presos, acusados de assassinatos e outros crimes graves.
Na realidade, o que o MST desejou na live com o ministro Mendes, tido como o mais próximo desse movimento, foi criar um embrião de uma possível frente política de oposição, com vistas às próximas eleições, dando um verniz de certa institucionalidade, o que é, ainda, um grupo de bandoleiros.
Outras falam da possibilidade de o MST vir a ser transformar em mais um partido político, disposto a enfrentar as urnas no lugar do moribundo Partido dos Trabalhadores (PT). Na falta de discurso capaz de empolgar um número expressivo de eleitores, o que o MST faz, pelas beiradas, é achar uma brecha para não desaparecer na poeira da história.

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São como bambus. Envergam mas não quebram.


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» Alguns concursos já publicaram os nomes dos aprovados que farão curso de formação. O governador Ibaneis adiou alguns, com o argumento de falta de verbas. Mas, uma categoria conseguiu assumir. Os cães treinados para polícia e bombeiros já tomaram posse.

História de Brasília

Os HP-3 mais bem localizados são os dos senhores Helvécio Bastos e Waldomiro Slaviero. Quando chove, as duas casas ficam cercadas por um belo lago vermelho, habitação ideal para mosquitos.
(Publicado em 14/12/1961)

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