O coronavírus espalhou-se por etapas. Deu os primeiros sinais na China nos fins de 2019, atravessou as fronteiras europeias, bateu às portas da América. Chegou ao Brasil em 26 de fevereiro de 2020. O mundo, apanhado de surpresa, aos poucos aprendeu a conviver com o vírus.
Pagou preço alto pela lição: a morte até agora de 900 mil pessoas, queda inédita no PIB, isolamento social, perda de postos de trabalho, fechamento de comércio não essencial, proibição de aulas presenciais. O Brasil sofreu consequências similares aos demais países.
Passados seis meses, a população familiarizou-se com a realidade imposta pela pandemia. O novo normal, antes escrito entre aspas pelos meios de comunicação, perdeu o sinal gráfico e passou a ser grafado sem distinção — com a naturalidade do quotidiano.
Talvez resida aí a explicação para a rebeldia dos que insistem em ir às ruas sem obedecer às precauções recomendadas pelas autoridades sanitárias. O novo normal atingiu novo patamar. A reabertura do comércio, a liberação das praias, a volta às aulas acenam com a retomada da vida bruscamente interrompida.
O retorno, porém, pressupõe conscientização e responsabilidade. Assim como a Idade da Pedra não acabou porque a pedra deixou de existir, a retomada da vida se impôs com o novo coronavírus ainda invencível. Encontra-se à espreita, pronto para o ataque, forma de lutar pela própria sobrevivência.
Tal como ocorreu na pré-História, a passagem de um período para o outro não se deu abruptamente, do dia para a noite. Exigiu um tempo de transição. Transição que também se exige na passagem do novo normal para o normal.
Com o inimigo à espreita, é necessário manter a vigilância para evitar que ele avance. As cenas do feriado prolongado, com aglomerações e desrespeito às medidas protetivas, acenderam o sinal amarelo. Jovens e adultos negligenciaram as cautelas que continuam imperativas — o distanciamento social, o uso de máscara e a higiene das mãos.
Vale lembrar: enquanto inexistir remédio eficaz ou vacina contra o novo coronavírus, os tempos continuarão excepcionais. A flexibilização exige a colaboração da sociedade para prevenir retrocessos e mergulho em ondas evitáveis. O novo normal não é o normal. Até voltar ao pré-2020, há que esperar o aval da ciência.
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