O Distrito Federal está prestes a completar seis meses de pandemia e a vida em boa parte das cidades parece ter voltado ao normal. Comércios, cinemas, clubes, igrejas, academias, teatros, tudo voltou a funcionar. Só não estão liberados shows, festas e aulas presenciais na rede pública. E os brasilienses continuam a enterrar seus mortos. São 2.813 óbitos por covid-19 e 172.708 pessoas infectadas. Ah, que exagero, dirão alguns! Afinal, 158.829, ou 92% estão recuperados. Sim, estão. Mas quantos mais vão adoecer e morrer até a descoberta de uma vacina capaz de bloquear o vírus? Ninguém sabe!
Países da Europa, como Alemanha, Espanha, Rússia e Itália, já avaliam que o segundo semestre pode ser ainda pior do que o primeiro. Até agora, a única medida eficaz para evitar a disseminação do vírus é o distanciamento social. E, nisso, temos falhado diariamente, apesar das consequências irreversíveis. Nas ruas, estão aqueles que não podem trabalhar em home office. Muitos enfrentam diariamente ônibus e metrô lotados, mas, muitas pessoas, desde o começo, por opção ou negação, caminham sem máscaras, confraternizam em casa ou em espaços públicos, como os parques e o Lago Paranoá.
O Poder público, por sua vez, é omisso. O número de autuações por desrespeito aos decretos e às normas sanitárias para reduzir a disseminação do vírus é uma piada perto dos absurdos que se vê diariamente nas redes sociais e nas ruas. Quem lucra com o sistema de saúde abarrotado de gente? Se a prevenção em saúde pública sempre foi mais barata e eficaz do que o atendimento aos doentes, por que não vemos firmeza de atuação do governo?
É simples o que precisa ser pesado e avaliado neste momento. Uma minoria, se ficar doente, será prontamente atendida em hospitais cinco estrelas da capital, com todo o suporte necessário para garantir o restabelecimento da saúde. Se aqui estiver lotado, pegam seus jatos particulares ou alugam um e, em pouco tempo, estão dentro dos melhores hospitais do país.
Enquanto isso, a classe média, mesmo com planos de saúde, vai amargar a espera por uma consulta. Em caso de suspeita de covid-19, vai esperar de novo, para fazer o exame, com outras dezenas de pessoas com suspeita da doença. O mesmo, ou pior, vai acontecer para quem depende da rede pública. Não por má vontade ou incompetência dos profissionais. Mas por falta de recursos.
A pandemia não acabou e está longe de acabar! Se puder, fiquem em casa, cuide-se e cuide dos seus. Aos que estão trabalhando e enfrentando diariamente todos os riscos e efeitos da pandemia, desejo saúde e proteção.
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