Projetos ou jogos
Nenhum cidadão, cônscio de suas obrigações, pode negar a relevância para a sociedade e para a economia das chamadas pautas sociais. Bolsa Família, auxílio emergencial e outros programas de complementação de renda fazem bem para o país, ajudando na diminuição das desigualdades históricas de nossa nação. Ocorre que a descontinuidade forçada de muitos desses inúmeros programas a cada governo que chega — com a criação de outros, com selos mais personalistas e de acordo com o marketing político — acarreta, à semelhança do que ocorre na amaranhada teia de impostos e tributos, um amontoado que governo algum consegue implementar.
É nesse labirinto de programas, muitos deles construídos apenas para atender agendas e interesses políticos específicos, que boa parcela da sociedade que trabalha, produz e paga uma das mais altas cargas tributárias do planeta é lançada e busca salvar-se não de um leão, mas de uma horda de minotauros, cada vez mais famintos. As equipes de economia de todo e qualquer governo, formadas por refinados experts nas ciências financeiras, integram o Executivo não para resolver questões e equações, como as trazidas por programas sociais que não têm porta de saída, mas para descobrir novos corredores por onde seguir o Fisco para arrecadar mais e com mais rapidez.
Agora, com o programa Renda Brasil, ocorre o mesmo fenômeno. Não fosse a pandemia e a desidratação brutal de uma economia que estava na antessala da UTI, o Renda Brasil seria lançado com muita festa e muita propaganda. Abandonado pelo próprio governo que o criou em seu departamento de programas sociais e de marketing, o projeto, parece, será adotado estrategicamente pelo Congresso, afinal, com eleições, sempre se avizinhando, é preciso ter cautela, senão, os votos somem.
É nesse filão populista que seguem, desde sempre, todo e qualquer projeto desse e de outros grupos políticos. Obviamente, que tema tão espinhoso como esse não pode ser tratado com realismo, senão, os índices de popularidade desabam e a condenação ao fogo perpétuo é certa. “Estamos, como dizia o escritor Balzac, na primeira metade do século XIX, caminhando para um estado horrível de coisas. Em caso de insucesso, não haverá mais que leis penais ou ficais: a bolsa ou a vida.”
Na realidade, o termo projeto, ao se referir às pautas sociais, não é preciso. O mais certo seria chamá-las de jogo, pois a eventualidade de darem certo para o governo depende não apenas de sua capacidade de blefar, mas da sua convicção de que a sociedade não conhece as regras do que está sendo jogado. Com isso, a única preocupação desse e de qualquer outro governo é encontrar novas fontes de financiamento para que o jogo prossiga. E é nesse ponto que a equipe econômica concentra todos seus esforços. A busca de programas sociais e financeiramente racionais é deixada de lado, pois iria requerer projetos de longo prazo e, sobretudo, apartidários, sob a tutela do Estado e não de governos temporários. E é aí que o jogo deixa de ser interessante.
A frase que foi pronunciada
“As pessoas foram criadas para serem amadas e as coisas foram feitas para serem usadas. A razão pela qual o mundo está um caos é porque as coisas estão sendo amadas e as pessoas estão sendo usadas.”
Dalai Lama
Mais caro
» Condomínio RK analisa as contas da Caesb. O aumento exponencial assustou os moradores. As reclamações se acumulam. Ninguém se conforma com a tal tarifa fixa e tarifa variável de água e de esgoto.
Sem pagamento
» Já a CEB enfrenta a inadimplência dos clientes, que, desde o início da pandemia, não consideraram a energia como prioridade no momento de pagar as contas. São mais de
200 mil consumidores
que devem à companhia.
Honra
» Foi bem movimentada a manifestação dos Bombeiros concursados na Praça do Buriti. Depois de ter publicado a nomeação no DODF e de o Congresso ter liberado a verba para a contratação, suspenderam a chamada, não honrando
o compromisso. Os Bombeiros fazem parte
da classe de profissionais mais bem avaliada pela população. Merecem
mais respeito.
Juntos
» Comunidade do Lago Norte começa hoje,
às 9h, o mutirão de limpeza no Parque das Garças.
Veja a movimentação no Blog do Ari Cunha.
Em tempo
» A depender do ministro Luiz Fux, a turma de presidiários de organizações criminosas, ou que tenham lavado dinheiro, mergulhado em corrupção e até mesmo os crimes hediondos e
contra as mulheres,
podem preparar o chinelinho branco
para a volta às grades.
A finalizar
» Por falar em cadeia, boa ideia partida da Câmara Legislativa. Com a assinatura do deputado Martins Machado, um Projeto de Lei indica a instalação de bicicletas próprias para geração de energia. Ao mesmo tempo em que os meliantes saem do ócio, exercitam-se e contribuem para a iluminação das instalações que ocupam. A pensar melhor: o projeto dá um dia a menos na pena para cada 16 horas de pedaladas.
História de Brasília
O caso do ajardinamento das superquadras deve voltar à baila. De todos os Institutos, somente o IAPB cuidou do ajardinamento. (Publicado em 17/01/1962)
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