Opinião

Artigo: As cinco razões de Bielsa

O Flamengo descumpre as cinco razões de Bielsa. Virou refém da sexta lei de Pep Guardiola: o acaso

Marcos Paulo Lima
postado em 19/09/2020 08:53 / atualizado em 19/09/2020 08:59
 (crédito: AFP / POOL / FRANKLIN JACOME)
(crédito: AFP / POOL / FRANKLIN JACOME)

Mestre do técnico do Flamengo Domènec Torrent, Pep Guardiola tem um guru eleito por ele melhor técnico do mundo: Marcelo “El Loco” Bielsa, do Leeds United. Certa vez, ouviu do argentino, de 65 anos, que uma partida de futebol pode ser vencida por cinco razões:

“Porque um time é melhor. Pela condição física superior. Pelo acerto tático ou técnico. Pelo coração. E a quinta razão possível é esta — apontou o livro com a análise do rival”, enumerou Bielsa. Guardiola assimilou a lição e acrescentou um sexto elemento: o acaso.

As cinco razões de Bielsa explicam a humilhação por 5 x 0 diante do Independiente del Valle, na última quinta-feira, em Quito. Foi a maior derrota do Flamengo em participações na Libertadores. O pior resultado de Domènec Torrent em carreira solo, ou seja, desde o fim da parceria de 10 anos com Guardiola. O time rubro-negro não perdia por esse placar desde o vexame contra o Coritiba, no Couto Pereira, na campanha do título brasileiro de 2009.

Seguindo a ordem das razões de Bielsa, o Independiente del Valle arrasou o Flamengo porque, hoje, tem um time melhor. Falo de time, não de elenco. Os movimentos da trupe comandada por Miguel Ángel Ramírez lembram a melhor versão do Flamengo de Jorge Jesus. Vimos uma ideia de jogo consolidada, movimentação, trocas de passes belíssimas, velocidade e desejo insaciável por gols. O atual campeão da Libertadores era assim.

A segunda razão de Bielsa para uma vitória é a condição física superior. Alguns jogadores do Flamengo estão andando em campo faz tempo. Os adversários correm mais. Superam a equipe carioca em intensidade, explosão. Correm muito mais do que o badalado adversário.

Bielsa defende também que um jogo é vencido pelo acerto técnico ou tático. Domènec Torrent está abusando de errar. Inventou Rodrigo Caio e Thuler na lateral direita, divorciou Bruno Henrique de Gabigol, apostou em cinco atacantes (sem ensaio) em sua estreia na derrota para o Atlético-MG, posicionou Everton Ribeiro centralizado contra o Ceará...

A quarta razão de “El Loco” para a vitória é o coração. O Flamengo de Domènec Torrent perdeu o amor por vencer e entreter. Não pulsa. É um time sem paixão. Totalmente blasé.

O quinto motivo apontado por Bielsa para vencer um jogo é a análise do rival. Dome e seus assistentes fazem o dever de casa muito mal. Está claro que pouco ou nada sabem sobre os times brasileiros. Muito menos dos sul-americanos. O Independiente del Valle provou isso.

O Flamengo descumpre as cinco razões de Bielsa. Virou refém da sexta lei de Pep Guardiola: o acaso. Mas, até a sorte parece ter dado as costas ao distraído Domènec Torrent.

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