Fossem submetidos à análise prévia, para a certificação dos fatos citados pelos líderes mundiais em seus discursos na abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira, e, assim, subtrair versões e narrativas fantasiosas, eliminando as fake news, praticamente nenhum pronunciamento dos chefes de Estado do planeta, seria liberado para leitura.
O festival de narrativas fantasiosas e mesmo de mentiras deslavadas, que beira à ficção, demonstra que os países, em geral, estão hoje sob a administração de indivíduos sem quaisquer compromissos com a verdade. Essa constatação em si faz acender, ainda mais, o alerta para o perigo que o mundo corre quando se verifica que a verdade foi afastada e posta de lado e o que passa a valer são versões feitas por esses dirigentes, apenas com a intenção de sair-se bem na foto.
O que talvez muitos parecem ignorar é que a tecnologia, bem ou mal, possibilitou à população mundial ficar de olhos e ouvidos bem abertos para cada um desses pronunciamentos. Não apenas as oposições de cada país, mas as pessoas comuns, desconfiadas e ressabiadas por tudo o que está ocorrendo com a humanidade. Desde sempre se soube que a mentira é a mãe de todos os males, inclusive, em seu nome, muitas guerras e muito sangue foi derramado em todo o tempo e lugar.
Uma possibilidade fantasiosa que foi ressaltada, por ninguém menos que o secretário-geral da ONU, o português António Guterres. Em seu discurso, ele alertou, claramente, sobre os riscos de uma nova guerra fria entre Pequim e Washington. Segundo ele, a pandemia expôs, em âmbito mundial, fragilidades e desigualdades nunca vistas. É preciso, segundo disse, que haja um fim na doença da guerra para que possamos lutar contra a doença que devasta nosso planeta. Nosso planeta, disseele, não pode bancar um futuro em que as duas maiores economias dividiram o globo, cada uma com suas próprias regras financeiras e de comércio, com capacidades de internet e inteligência artificial diferentes.
Além do que chamou de guerra secreta contra as mulheres em muitas partes do planeta, com violações de direitos e outras crueldades, o representante da ONU propôs o estabelecimento de uma espécie de contrato global, que ponha término ao racismo, à discriminação, à exclusão e que seja facultado um acesso universal à saúde. Para tanto, em sua avaliação, será preciso a introdução de um projeto de renda básica universal, de forma a diminuir o fosso de desigualdades sociais, cada vez mais acentuado.
Segundo acredita, isso só será possível por meio de maior distribuição de renda, de poder, de riquezas e de oportunidades. “Nenhum de nós está seguro enquanto todos não estiverem seguros”, frisou.
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A frase que foi pronunciada
“Competição para lucrar com vacina é ultrajante.”
Noam Chomsky, filósofo norte-americano
Trânsito
Horas de pesquisas, discussões e tempo para delinear no papel as novas mudanças na lei de trânsito. Cadeirinhas, pontos na carteira, idade e tempo de renovação. Os lixeiros continuam pendurados nos caminhões, recolhendo os resíduos inúteis das residências. A lei de trânsito continua sem protegê-los.
Indefinido
Por falar em lei, contribuintes juntariam menos papéis e arquivos no computador se fosse obrigatório que os comprovantes de IPTU, IPVA, Imposto de Renda, entre outros, viessem com uma minuciosa descrição do pagamento. Vendo um comprovante desses, ninguém adivinha do que se trata. “Pagamento DARF” ou “GDF conta arrecadação” é o máximo descrito.
Saúde
Continuam as reuniões sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade. Quem criou o fórum sobre o assunto foi o antropólogo Rui Harayama. Anos atrás, numa entrevista, ele disse o seguinte: “Você já pensou que o controle e os protocolos de dispensação desses medicamentos deveriam ser mais pensados? Há casos de população da terceira idade que vive sob uso de Clonazepam (princípio ativo do Rivotril) e logo depois desencadeia Alzheimer. Que tipo de saúde é essa?”.
Semana especial
Reserva de mesa, cardápio em braile, caixas eletrônicos e equipamentos de informática adaptados. Atendimento prioritário à pessoa portadora de alguma deficiência física no Distrito Federal será prioridade. O Procon fiscalizará as instituições e o comércio.
Fins e meios
Trabalho da doutora em direito civil Fabiola Santos Albuquerque desenvolve o tema Adoção à Brasileira e a Verdade do Registro Civil com a conclusão de que esse não é um problema exclusivo da nossa realidade, mas que seu perdão é uma constante, tendo em vista o fim maior que persegue que é o de garantir uma família para uma pessoa.
História de Brasília
O único ministro que ainda não se definiu sobre Brasília foi o sr. Oliveira Brito, da Educação. E, para que ninguém diga depois que o ministro não foi procurado, acrescentamos que o nosso repórter voltou cinco vezes ao seu gabinete.
(Publicado em 17/1/1962)