Exploração
Pede passagem o hino trabalhista mais libertário do nosso país. Sossego (1978), de Tim Maia (1942-1998): “Ora bolas, não me amole/Com esse papo, de emprego/Não está vendo, não estou nessa/O que eu quero?/Sossego!”. A ironia escancara criticamente o que os donos do poder escondem. Enquanto a ética do capital estiver desvinculada da ética do trabalho, a escravidão continuará no Brasil. A política econômica lava as mãos quando é preciso promover a motivação salarial, a justa distribuição de renda e a erradicação da pobreza. Entra em cena a gestão administrativa predatória que impõe aos trabalhadores a chantagem da sobrevivência. Reduzindo a ética à conversa pra boi dormir, a vaca vai pro brejo! Antidemocrático, o capitalismo é o paraíso do patrão e o inferno do operário. Para muitos, trabalho é castigo, tortura, subemprego e desvio de vocação. Poucos se realizam numa relação profissional que contemple, com dignidade, a saúde, o bem-estar, a formação, o talento, a competência, o espírito de equipe e a remuneração. Por que, então, o mercado sacrifica o Estado e escraviza a sociedade? “O poder autêntico, todos o sabemos, está noutro lugar. O poder autêntico é o poder econômico, financeiro, esse que não aparece, no qual não se vota, que está num lugar não assinalado, a pressionar, a exigir, a mandar” — alertava o escritor José Saramago (1922-2010), em Democracia e Universidade (2005).
» Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Quarentena
O Facebook me colocou 30 dias de quarentena, até 25 de outubro. Mas por que, se não estou com covid-19 gostaria de saber o motivo dessa sórdida censura. Censurar uma postagem, vá lá, mas bloquear tudo é patifaria. Coisa de fascinazicomunista.
» Félix Maier,
Águas Claras
Demências
O texto genial do leitor Renato Mendes Prestes, comparando as demências entre o ex-presidente Jânio Quadros e o presidente Bolsonaro, trouxe-me à memória uma história deliciosa que rolava na ocasião a respeito do gesto patético de Sua Excelência, abandonando o país, com a família, em direção à Inglaterra, depois da fracassada revolta popular com que ele esperava retomar triunfalmente o poder. Por acaso, eu havia conhecido o lunático quando ele era prefeito de São Paulo e eu trabalhava lá, e constava que a filha dele, chamada Dirce, tinha o apelido de Tutu, e também que a família nutria um forte apego a um pequeno um cão, que criavam. Vai daí que, assim que rolaram as primeiras notícias sobre essa “fuga” dele, um repórter, em Santos, com o objetivo de confirmá-las, soube que um funcionário do porto havia testemunhado esse embarque do ex-presidente, numa lancha, a caminho de um navio ancorado ao largo, e resolveu entrevistá-lo:
— Quando Sua Excelência entrou a bordo, quantas pessoas da família o acompanhavam?
— Eram três: Tutu, Totó e Tantã...
» Lauro A. C. Pinheiro,
Brasília
Celso Furtado
A vida de Celso Furtado (1920-2004) mostra a grandeza de uma obra de intelectual, com cerca de 30 livros publicados, resultado de sua atividade de servidor público e de seu empenho pela desenvolvimento econômico e social do Brasil. Antes, apareceu em livro marcante sobre cientistas brasileiros: Grandes Cientistas Brasileiros, Coleção Caros Amigos, da Editora Casa Amarela. Deixou, no fim da vida, os “Diários Intermitentes 1937-2002”, sem dúvida um marco memorialista, que documentou todas suas atividades técnico-administrativas de servidor público, pelo país e pelo mundo, notadamente ao ser cassado, por 10 anos, pela ditadura de 1964. Seu nome, ao lado de muitos outros políticos, cientistas e escritores, constava do Ato Institucional nº 1, publicado em abril de 1964. Exilado, veio o destaque internacional como professor de universidades europeias e norte-americanas. Mas não deixou de escrever. Firmou-se como economista de conceito internacional.
» José de Jesus Moraes Rêgo,
Asa Norte
ELA não venceu
É comum a gente ouvir pessoas reclamarem de tudo na vida. Falam mal do governo, do salário, dos serviços públicos essenciais e da vida dos outros. Pois bem, numa reportagem do dia 28/9, num canal de televisão local, assistimos a um exemplo vida de um servidor público que contraiu a doença Esclerose Lateral Amiotrófica, mais conhecida como Ela. Esse gigante, que tinha uma vida saudável, hoje está sem poder fazer o que mais gostava: viajar com a família, praticar esportes e brincar com os filhos. Ele continua vivo e mostrando ao mundo muita vontade de viver, escrevendo livro e desenvolvendo suas habilidade na área da informática. Parabéns pra esse cidadão que não desiste de viver, e a sua família que cuida bem dele. Força, Afonso!
» Sebastião Machado Aragão,
Asa Sul
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.