Visão do Correio

Responsabilidade é a ordem

Correio Braziliense
postado em 01/10/2020 08:03 / atualizado em 01/10/2020 08:09

Imaginemos que um brasileiro estivesse durante nove meses isolado em lugar sem acesso a jornal, rádio, tevê, internet e pessoas em situação diferente da dele. No feriadão do Dia da Pátria, ele abandona a reclusão e desembarca no Rio de Janeiro. Além do belo cenário da natureza banhado por um Sol radiante, vê a paisagem humana que sempre viu.

Adultos e crianças congestionam a areia da praia, enchem os calçadões, ocupam as mesas das barracas, lotam bares e restaurantes. Ambulantes exibem mercadorias que atraem os passantes, interessados na compra deste ou daquele produto. Vendedores de bebidas, picolés e guloseimas circulam com desenvoltura entre os banhistas.

Por desconhecer a tragédia de 2020, o até então recluso brasileiro vê o normal pré-pandemia. O normal hoje, porém, é o novo normal — ponte que permitirá a passagem até o retorno aos anos que antecederam a crise sanitária com a qual os cinco continentes convivem sem dispor de vacina ou de medicamento eficaz.

Em janeiro, a China anunciou a descoberta do novo coronavírus, que, em velocidade inédita na história das pandemias, espalhou-se mundo afora. Da Ásia chegou à Europa e, de lá, à América. O saldo: mais de 1 milhão de mortos e quase 34 mil infectados no mundo. No Brasil, a perda de vidas se aproxima de 145 mil e o número de infectados beira 4,5 milhões.

Governos, cientistas, organizações internacionais, apanhados de surpresa, tiveram de enfrentar o desafio às escuras. Buscaram — e buscam — respostas capazes de proteger as pessoas. Descobertas tidas como corretas hoje mostram-se erradas ou insuficientes amanhã.

As medidas que mostraram eficácia até agora são três: manter o distanciamento social, higienizar as mãos e usar máscaras. Graças a elas, evitou-se tragédia maior, cujo clímax seria o colapso da rede hospitalar e a perda evitável de vidas. Longe está, porém, de significar relaxamento de cuidados.

A necessária abertura da economia e de espaços públicos exige responsabilidade, consciência e colaboração. A chegada da primavera, com dias mais longos e temperatura agradável, parece empurrar adultos e crianças para a rua. O mesmo ocorreu nos Estados Unidos. Depois de meses de estabilidade e cifras baixas, os casos de coronavírus voltaram a crescer. É a segunda onda, que precisamos evitar. A ordem: compromisso e responsabilidade.

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