Salvadores da pátria
Imagem mostrando os membros do gabinete do presidente Jair Bolsonaro elevando as mãos ao céu em oração, cena cada vez mais comum nas reuniões de governo, poderiam ser encaradas como normais e aceitáveis, caso as instituições públicas seguissem o que ordena a Constituição quanto à laicidade do Estado. Mas, infelizmente, não parece ser esse o caso. Ainda mais quando se sabe que as bancadas de denominação neopentecostais dominam, por meio do Centrão, as votações dentro do Congresso, transubstanciando marotamente o que seria de Deus, na moeda vil de César. Ninguém, nessa altura dos acontecimentos, seria néscio em acreditar que o que move essas bancadas evangélicas é caminho do paraíso. Para esse grupo político, muito bem orientado quanto aos seus propósitos, o caminho para o céu é feito por uma trilha que ruma primeiramente pelas vias das cifras, a verdade conveniente e a vida cheia de conforto e privilégios. Fôssemos um Estado teocrático, nada de estranho haveria nessas cenas que transformam gabinetes públicos em templos religiosos. Acontece que a imiscuição paulatina desses grupos, pretensa e convenientemente religiosos na administração do Estado, mascaram projetos muito bem urdidos pelos grandes chefes ou bispos desses credos que, dos bastidores, organizam a tomada do Estado, sob a desculpa de salvá-lo do mal.
A expulsão dos vendilhões que ocupavam o templo de Deus, por ninguém menos que seu próprio filho, Jesus Cristo, serve, 2 mil anos depois, como um alerta para o que acontece hoje em nosso país. Nesse sentido é bom ressaltar que o retorno desses grupos de “irmãos”, reunidos agora na igreja política do Centrão, acontece por obra e graça do próprio presidente, também ele uma ovelha temporariamente desgarrada desse meio e que agora retorna pródigo ao lar.
Com isso o presidente Jair Bolsonaro, com o Centrão, “terrivelmente evangélico”, vão dando “novos” rumos ao governo, segundo seus credos e interesses inconfessáveis. De fato, fôssemos sinalizar com um marco temporal, fixando onde e quando tem início, verdadeiramente, o atual governo, essa data seria agora, durante a pandemia, época em que o presidente e sua base política finalmente se irmanam no controle do país. Por certo, diante de uma armação de governo dessa natureza, quaisquer tropeços serão debitados as maquinações do encardido, ficando cada membro dessa seita libertos das condenações tanto do inferno como dos tribunais terrenos.
Observar todo esse ambiente a distância, dá-nos a certeza de que no Brasil, a cada governo que chega, o que muda é a pantomima da administração do Estado, com os personagens trocando apenas os hábitos e as vestimentas, mas encenando a mesma dança falsa que ilude os cidadãos de quatro em quatro anos. Haja fé.
A frase que foi pronunciada
“Os estúpidos guerreiam barbaramente o talento: são os vândalos do mundo espiritual.”
Camilo C. Branco, escritor português
Visionário
Vejam no Blog do Ari Cunha uma pintura feita pelo artista Walter Molino em 1962. O título: A vida em 2022.
Ouvidos atentos
Manchas de óleo derramado por suposto navio venezuelano nas praias do país ainda aparecem aqui e ali. Nenhuma sinal de protesto. Fumaça na Amazônia e a voz do mundo sobe. Os diamantes e nióbio escutam tudo. Mas não podem fazer nada.
Federal
Parlamentares que receberam o voto direto para representar a população brasileira da Câmara dos Deputados resolveram pressionar a Casa para votar o fim do foro privilegiado. A votação em plenário da proposta aprovada em 2018 é aguardada pela população. A Frente Parlamentar Mista Ética contra a Corrupção é composta por especialistas em direito.
Embutida
Pelo preço das passagens aéreas, fica claro que quem vai pagar o prejuízo da pandemias são os contribuintes.
Amazônia
Divulgada pela AGU uma ação que bloqueou R$ 4,5 milhões do proprietário de uma fazenda no Mato Grosso por desmatar 204,8 hectares na Amazônia. O Ibama vistoriou a região e comparou as imagens de satélites em períodos diversos, desde 2016.
“Vergonhoso”
Senador Confúncio destaca o absurdo do lugar ocupado pelo Brasil frente a países em número de computadores por estudante: 78º lugar.
História de Brasília
Juntamente com a repressão ao excesso de velocidade ninguém em Brasília anda a 60 km, o dr. Valmores Barbosa bem que podia reprimir também, o uso de lambretas ou automóveis sem cano de escape.
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