Uma família de Adrianópolis, no Paraná, sofre uma dor indescritível há sete anos. Em 24 de agosto de 2013, o menino João Rafael Santos Kovalski desapareceu enquanto brincava no quintal de casa, cinco dias antes de completar 2 anos. Desde então, a mãe, Lorena Cristina, e parentes travam uma luta incansável à procura dele.
Em agosto, Lorena escreveu nas redes sociais: “Hoje faz sete anos sem o meu filho. Não sei o que houve, não sei de nada, só sei que estou sem ele. Nós, que temos filhos, entes queridos desaparecidos, sabemos a ferida, a dor, o vazio”. No dia em que João Rafael completou 9 anos, ela postou: “Não posso nunca esquecer você. Onde você estiver, não sei o que houve, mas, feliz aniversário, meu amor da minha vida”.
O tormento dessa mãe se repete em milhares de lares pelo país: a agonia de não ter uma resposta, de não saber se suas crianças ou adolescentes estão vivos, se são bem tratados, saudáveis, felizes. Eles podem ter sido levados por quadrilhas para adoção ilegal, trabalho escravo, prostituição e, até mesmo, tráfico de órgãos.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019 (o de 2020 será lançado neste mês) mostra que, em 2018, 82.094 desapareceram no Brasil. O levantamento não traz dados sobre quantas das vítimas são crianças ou adolescentes, mas esse número absoluto já dá uma ideia do drama no país.
E uma das reclamações mais comuns das famílias é a falta de empenho do governo no enfrentamento do problema. A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, prometeu agir. No mês passado, ela se reuniu com integrantes do Conselho Nacional de Procuradores Gerais dos Estados e da União para tratar de ações e parcerias voltadas à localização de meninos e meninas desaparecidos. Além disso, afirmou que sua pasta lançará um aplicativo, nos próximos meses, para ajudar na busca.
“Milhares de crianças desaparecidas todos os anos, e nossa maior campanha é uma foto atrás das contas de água e energia. No governo Jair Bolsonaro isso vai mudar”, assegurou. Veremos. Toda iniciativa contra essa chaga é muito bem-vinda, claro, desde que não fique apenas nos discursos. As famílias de desaparecidos já têm uma carga de sofrimento avassaladora para serem envolvidas e depositarem suas esperanças em promessas vazias.
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