Desde 1960

Visto, lido e ouvido

Circe Cunha (interina)
postado em 15/10/2020 00:42

Futuro esquecido

Para um arqueólogo atento, que resolva, num futuro distante, prospectar os indícios e outros vestígios materiais produzidos pelos habitantes da capital, capaz de indicar que tipo de civilização foi erguida aqui, nestes confins do Centro-Oeste brasileiro, sem dúvida alguma, com exceção da moderna e engenhosa arquitetura exibida pela cidade, e que forma uma espécie de casca a envolver a metrópole, uma grande interrogação surgirá logo na primeira prospecção, surpreendendo o pesquisador: como pôde uma civilização, assentada em meio a tão futurística arquitetura, não apresentar quaisquer traços de cultura material mais relevante?

De fato ao pesquisar minunciosamente as ruas e avenidas da mais importante cidade do país, em busca dos elementos indicativos que comprovariam a existência de um fervilhante movimento cultural espalhado pelos quatro cantos da metrópole, nosso arqueólogo chegaria a uma embaraçosa conclusão: pouco ou nada parece existir nesse lugar que possa confirmar ou negar a existência de uma população envolvida e produtora de cultura.

Uma radiografia das principais ruas da cidade mostraria, de forma taxativa, a inexistência de teatros, centros culturais, livrarias, galerias de artes, museus e outros centros dedicados às artes. O que nosso turista das ciências iria se deparar, em grande profusão, e em cada esquina, eram bares, botecos e outros estabelecimentos no fornecimento de álcool, lojas de quinquilharias diversas e um incontável número de farmácias por toda a parte.

Para um pesquisador, isso denotaria, numa primeira impressão, que ao beber em demasia, essa população viveria constantemente doente e necessitada de remédios e outros unguentos para viver. Além dos bares e farmácia em quantidade sintomática, a pesquisa revelaria também a multiplicação das casas lotéricas, o que indicaria que a população vivia na esperança de ganhar mais dinheiro para alimentar o vício do álcool. Esses bares teriam se transformado em centros de cultura, onde o álcool seria a atração principal.

Por outro lado, o que saltaria aos olhos e dando a certeza de que essa civilização do Centro-Oeste desprezava a cultura e seus derivados, seria o abandono de museus e teatros, anteriormente mantidos pelo governo, por meio da cobrança de uma das mais altas cargas tributárias de todo o planeta. Todos agora fechados ou sucateados, transformados em depósitos de materiais diversos.

Quando uma cidade permite que seu principal centro de cultura se transforme num almoxarifado de quinquilharias e outros objetos a serem descartados, como um imenso galpão para acondicionar o lixo mobiliário da burocracia, tudo está irremediavelmente perdido. Não há salvação para uma civilização fora da cultura. Sem esse traço arqueológico, presente em toda e qualquer civilização, em qualquer momento da história, toda a sociedade pode ser reduzida ao patamar evolutivo de um formigueiro, devotado, apenas, a sobreviver.

 

A frase que foi pronunciada

“Se todo mundo é obrigado a votar, os políticos eleitos deveriam também ser obrigados a cumprir as promessas que fazem antes das eleições.”

Isabela Machado Cavalcante, adolescente, pensando numa redação para o Jovem Senador

 

Cultura

» Uma modalidade de cinema que estava adormecida nos velhos tempos, o drive-in. Com a pandemia, até shows são assistidos de dentro do carro. Em Planaltina, começa o Festival Brasília Drive-In: Todos os cantos da nossa cidade. Dias 17 e 18 a partir das 19h. A promoção é do GDF, e a entrada é franca. Veja mais detalhes no Blog do Ari Cunha o que vai acontecer na cidade.

Insensata

» Carol Solberg não perdeu o patrocínio do Banco do Brasil. Mas se tivesse mesmo todo esse pavor do presidente Bolsonaro, deveria abrir mão da verba do governo. Isso é coerência. A revolta é do Ramirez, campeão brasileiro de Muay Thai e foi registrada. Veja no Blog do Ari Cunha.

Vai entender

» Parece piada tomar as medidas sanitárias e protocolo de proteção contra covid na Avenida Sapucaí. Ou é a negação total do vírus ou é a irresponsabilidade governamental total. Mais um caso de incoerência e dessa vez confunde a população.

Na mesma

» Uma solução parcial para o problema das invasões em Brasília seria a instituição, novamente, de acampamentos nas obras, hoje proibidos pela Novacap. A outra seria a destruição, pura e simplesmente. O regime de premiar os invasores com um lote, dar caminhão para transportar o barraco, ajuda de custo, afora ser dispendioso demais, é aviltante, porque premia os que apossam do que não lhes pertence. Por incrível que possa parecer esse texto, do Ari Cunha, foi publicado em janeiro de 1962.

 

História de Brasília

Todos os recordes foram batidos pela equipe liderada pelo ministro Sampaio Costa, que atingiu a 9.356 julgamentos e publicou 8.217 acórdãos. (Publicado em 18/01/1962)

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