ARTIGO

Pelé e a música

''Majestade futebolística, ele marcou presença também na música - obviamente sem a mesma genialidade''

Irlam Rocha Lima
postado em 23/10/2020 06:00
 (crédito: Kleber Sales/CB/D.A Press)
(crédito: Kleber Sales/CB/D.A Press)

Edson Arantes do Nascimento, Pelé, o Rei do Futebol, conquistou ao longo da carreira incontáveis títulos como jogador do Santos, do Cosmos e da Seleção Brasileira, superou a marca de mil gols, foi objeto de documentários e cantado em prosa e verso. Hoje, ao completar 80 anos, será reverenciado no Brasil e em várias partes do mundo na condição de mito, que transcende à sua atuação como atleta e a condição de celebridade internacional.

Majestade futebolística, ele marcou presença também na música - obviamente sem a mesma genialidade. Ele é autor de algumas canções e parceiro em outras. Enquanto intérprete, exibe a voz de timbre grave, em solos ou duos com estrelas da MPB, e gravou discos no formato de compactos, LPs e CDs.

Em 1962, Braz Marques e Diógenes Bezerra fizeram Frevo do Bi (gravado por Jackson do Pandeiro) , para a Seleção que conquistou o bicampeonato no Chile. Trecho da letra diz: ''Vocês vão ver como é Didi, Garrincha e Pelé dando seu baile de bola/ Quando eles pegam no couro/ Nosso escrete de ouro mostra o que é nossa escola...''. No LP Cidade de Salvador, de 1973, Gilberto Gil incluiu Meio de campo, em que canta: %u201C...Que a perfeição é uma meta/ Defendido pelo goleiro/ Que joga na Seleção/ E eu não sou Pelé nem nada/ Se muito for eu sou um Tostão%u201D.

Cinco anos depois, no álbum intitulado Muito %u2014 Dentro da Estrela Azulada, Caetano Veloso incluiu Love love love. Num dos versos diz: %u201CMeu amor, te amo/Pelo mundo eu chamo/ Essa chama que move/ Pelé disse love love, love%u201D. O tropicalista se referia ao sucinto discurso feito pelo Rei na despedida do futebol, após jogo pelo Cosmos (EUA), em 1977.

Outro gigante da música brasileira, Chico Buarque cita Pelé no final da letra de O Futebol, em que relata imaginária troca de passes: %u201CPara Mané, para Didi/ Para Pagão, para Pelé...%u201D. A música é uma das faixas do disco de 1989, que leva o nome do cantor e compositor carioca.

Um ano antes de tornar-se tricampeão mundial com a Seleção, no México, Pelé gravou um compacto duplo, intitulado Tabelinha, em duo com ninguém menos que Elis Regina (então, a maior cantora do universo musical brasileiro), no qual foram registradas duas composições de autoria dele: a bem-humorada Vexamão e a romântica Perdão não tem. Na década seguinte, mais precisamente em 1978, lançou um LP com o pianista Sérgio Mendes (precursor da Bossa Nova, radicado nos EUA) no qual emplacou seis canções. Uma delas é Cidade grande, gravada depois por Jair Rodrigues.

Ao participar, em 1991, do A Luz do Mundo, projeto criado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho ''voltado para crianças desassistidas'', Pelé juntou sua voz às de Roberto Carlos, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, João Bosco, Renato Russo, Lulu Santos e Arnaldo Antunes em um grande coro na interpretação da cantiga de roda Se essa rua fosse minha. Já em 2006 o Rei lançou no mercado europeu o LP Ginga, com 12 músicas autorais, produzido pelo maestro Rogério Duprat. O destaque ficou por conta das faixas de Quem sou eu, cantada por Gilberto Gil; e a faixa título, com o rapper Rappin'Hood.

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