No mundo inteiro, e ele é grande, cientistas buscam uma cura para o novo coronavírus. A palavra vacina tornou-se não apenas um antídoto, mas a concretude de um sentimento chamado esperança. O caminho mais provável para a convivência com o vírus que já matou e adoeceu tantos é a imunização. Não há qualquer dúvida em relação a isso. Mesmo assim, os políticos conseguem percorrer o mesmo caminho torpe: transformar a solução em um problema.
Politizar temas complexos e fundamentais para a prevenção de doenças, para a proteção do meio ambiente, para o crescimento sustentável, para o respeito à diversidade, para a luta contra o machismo tornou-se um esporte para quem carrega votos nas costas e se esquece de sua missão pública. A ultradireita segue preocupada em desconstruir castelos já em ruínas, usando um blablablá ridículo e jogando cortinas de fumaça que encobrem problemas reais. O que se espera dos políticos é algo bem diferente disso.
Gostaria de ver discussões e conhecer as estratégias definidas sobre como será a distribuição das vacinas, quais são os grupos prioritários, quais os caminhos mais seguros. Se vem da China ou de qualquer outro lugar do planeta, o importante é que haja segurança e contemple as normas vigentes das autoridades sanitárias. O resto é balela.
A pandemia serviu para jogar luz, mais uma vez, sobre o enorme abismo de desigualdade. Mostrou as dificuldades do acesso de muitas pessoas ao básico, como o saneamento e as medidas de higienização. Mostrou as limitações de nosso sistema de saúde e de educação pública, legando aos alunos uma lacuna que não será preenchida. Isso é problema. Gostaria de ver o empenho da classe política em resolver tudo isso e dar um pouco de tranquilidade a uma população que sofre.
Temos riquezas imensas, temos leis que asseguram direitos, temos alimento de sobra, temos empreendedores criativos, temos um povo que vive com admirável capacidade de resiliência. E temos políticos que só se preocupam com seus dilemas ridículos e com seus próprios interesses. Há algo errado aí. É bom refletir sobre os nossos reais problemas: escolher de forma correta os nossos governantes.
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