A dona de casa, em todo o país, não precisa esperar a divulgação dos índices oficiais de inflação para saber que os preços dispararam. Basta uma ida ao supermercado da esquina para comprovar o aumento do custo dos alimentos, o que vem dificultando a aquisição de mercadorias até então consumidas diariamente. O último vilão é o arroz, que, com o feijão, faz a tradicional dupla nas mesas dos lares brasileiros, cujos preços bateram recordes.
Mas, o arroz não é o único vilão do bolso dos consumidores. Também sofreram alta expressiva leite, carne bovina, óleo de soja, açúcar e alguns hortifrutigranjeiros, como o tomate, em algumas regiões. Economistas chamam a atenção para o fato de que a alta dos preços não dá sinais de retroceder, o que tem levado a população a mudar os hábitos de consumo. Se, antes, o cidadão buscava substituir os itens mais caros pelos mais baixos, agora, optou por trocar as marcas preferidas pelas mais baratas e, assim, conseguir economizar alguma coisa no apertado orçamento doméstico.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses bateu em 3,14%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa ainda está abaixo da meta de 4% projetada pelo governo para este ano, mas causa apreensão nos meios econômicos. Existe o temor de que a meta seja ultrapassada, o que seria péssimo sinal para possíveis investidores, que continuam na expectativa da aprovação das reformas estruturantes, como a administrativa e tributária, ambas no Congresso Nacional.
Este cenário de alta da inflação deve-se, entre outros motivos, à alta do dólar, puxada pela desvalorização do real em mais de 30% nos últimos 12 meses, recorde entre os países emergentes. Quando o real desvaloriza a cadeia de derivados acompanha, ou seja, o milho encarece a carne de frango; a soja encarece a pecuária e as carnes ficam mais caras; e a farinha de trigo puxa para cima os preços de pães, massas e demais produtos à base do cereal.
A piora na trajetória fiscal e o aumento das exportações de alimentos também contribuem para o quadro atual. É certo que a expansão dos embarques favorece a balança comercial, mas, por outro lado, resulta em diminuição da oferta no mercado interno. Então, fala mais alto a lei da oferta e da procura: mercado desabastecido significa preços maiores. A queda da safra, sobretudo as do arroz e do feijão, também é apontada como causa da disparada dos preços.
O governo acompanha de perto a evolução da inflação e o Banco Central tem em mãos instrumentos para o controle da mesma, como a fixação da taxa Selic, mantida em 2% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). E cabe ao consumidor mudar hábitos e buscar pelos produtos mais baratos para que o orçamento não estoure todos os meses.
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