Sem retrocessos na W3

Por pressão de representantes de supermercados, a discussão sobre o fechamento da W3 Sul aos domingos e feriados para o tráfego de veículos voltou à tona. Há quatro meses, a via tornou-se com uma espécie de Eixão do Lazer em dias não úteis. É liberada apenas para a circulação de pedestres e ciclistas. Uma bela ideia, que agora voltou a ser criticada por motoristas e por uma parcela bem pequena dos comerciantes.

As reclamações são basicamente duas: 1) queda na vendas nos supermercados; 2) dificuldades de circulação dos carros entre as quadras 700/900 para as 100/300, e vice-versa. O primeiro ponto merece, sim, uma reflexão mais aprofundada por parte do governo, tendo em vista a necessidade de manter a arrecadação de impostos e quanto isso impacta no caixa dos empresários. Já o segundo, desculpem-me os motoristas, mas é pensar só no próprio umbigo e não no bem comum da sociedade.

Dar a chance de pedestres e ciclistas transitarem livremente pela W3 aos domingos e feriados é uma forma de aproximar a população da via que já foi o principal ponto comercial da capital. E está dentro de uma tendência mundial: liberar ruas e avenidas movimentadas das grandes metrópoles para uma maior convivência social é uma realidade. Há belos exemplos em São Paulo, Rio, Nova York, Paris etc. Sou defensor, inclusive, de que a ideia seja implementada em outras cidades do DF, como Guará, Águas Claras, Gama, Taguatinga. A população só tem a ganhar.

Acredito que o fechamento da W3 em dias não úteis é apenas o primeiro passo do processo de revitalização do local. Propostas para reocupar o comércio existem aos montes. Uma das que pode dar certo é a definição por setor, com incentivos fiscais para abertura de lojas específicas em determinado local. Não seria interessante, por exemplo, se a quadra X fosse a da cultura, com bares descolados, lojas de equipamentos do som, oficinas e tal? E se a Y abrigasse apenas comerciantes de serviços rápidos, como conserto de panelas, sapateiros, alfaiates, cabeleireiros, etc. Segmentação pode ser a solução.

Vejo a exclusividade da W3 para pedestres aos domingos e feriados como uma das boas propostas que surgiram nos últimos tempos. Pode ser aprimorada, nunca abandonada.

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