Visão do Correio

Alento que vem da construção civil

''Em setembro, a construção civil empregou mais 45.249 trabalhadores. No acumulado dos primeiros nove meses deste ano, foram criados 102.108 postos de trabalho com carteira assinada''

Correio Braziliense
postado em 02/11/2020 06:00 / atualizado em 02/11/2020 10:44

A pandemia do novo coronavírus frustrou as expectativas em relação à economia. O país voltou a patinar na recessão e uma retomada mais forte da atividade está longe de acontecer. A indústria da construção civil se coloca entre as exceções. A confiança dos empresários do setor cresceu nos últimos meses, com a maior movimentação do segmento imobiliário e das obras públicas, ocorrida com a flexibilização do isolamento social, recomendável para conter a proliferação do vírus.

Em setembro, a construção civil empregou mais 45.249 trabalhadores. No acumulado dos primeiros nove meses deste ano, foram criados 102.108 postos de trabalho com carteira assinada. Em algumas unidades da Federação, como Tocantins, encontrar um pedreiro tornou-se bem difícil. No primeiro semestre, os lançamentos de imóveis aumentaram 15,4% na comparação com 2019. As vendas também cresceram 12,1%. Um efeito direto da redução da taxa básica de juros (Selic), hoje, em 2% ao ano, com impacto positivo nos financiamentos da casa própria.

Boa parcela da sociedade voltou a investir na compra de imóveis. Em setembro, o crédito imobiliário chegou a R$ 12,9 bilhões, por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), mais um estímulo aos empreendedores a tirarem da gaveta os projetos guardados com a eclosão da crise epidemiológica.

A retomada das atividades da construção civil ganha expressão ante o aumento do desemprego — quase 14 milhões de brasileiros fora do mercado formal. O setor recuperou as vagas perdidas entre março e maio e apresentou saldo superior a 100 mil oportunidades no acumulado de janeiro a setembro. Além disso, tem capacidade de absorver mão de obra de trabalhadores com menor grau de escolaridade, retirando do limbo aqueles que, há muito, buscam emprego formal.

Mais: a construção civil faz interface com centenas de outros segmentos, que dependem da sua performance para reabrir vagas fechadas no período mais crítico da pandemia da covid-19 ou criar oportunidades de trabalho. Para os analistas, isso mostra a força e a importância desse setor da indústria no processo de recuperação da economia nacional.

Para que outros setores trilhem o mesmo caminho, o governo federal tem de fazer a sua parte, a começar pela aprovação de medidas prometidas, as inevitáveis reformas administrativa e tributária. No quadro dramático vivido pelo país, não há outras opções para recompor a credibilidade da política econômica junto aos investidores. Muitas promessas e projeções são apresentadas pela equipe econômica, mas nenhum deles rebate na realidade. As iniciativas até agora foram pífias para levar o Brasil a um crescimento econômico robusto, com mais justiça social e menos miséria.

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