Visão do Correio

Inflação em alta. Sinal de perigo

A inflação de outubro foi de 0,86%, a maior taxa para o mês nos últimos 18 anos, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA); No acumulado dos 10 primeiros meses de 2020, a inflação aumentou 2,2%

Correio Braziliense
postado em 08/11/2020 11:29 / atualizado em 08/11/2020 11:30
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A inflação de outubro foi de 0,86%, a maior taxa para o mês nos últimos 18 anos, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em outubro do ano passado, o índice foi de 0,10%. No acumulado dos 10 primeiros meses de 2020, a inflação aumentou 2,2%. Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, alimentos e bebidas foram os que mais contribuíram para o crescimento do índice, embora tenham tido variações inferiores na comparação com setembro. O tomate, mais uma vez, foi o principal vilão, com reajuste de 18,16% nos preços, seguido de frutas (2,59%) e batata-inglesa (17,01%). A carne também pesou no bolso do consumidor, com preços 4,25% mais altos.


Para o Brasil, que tem uma das maiores áreas agricultáveis do mundo e se destaca na exportação de alimentos, o preço dos produtos agropecuários não deveria pesar tanto na composição do índice do custo de vida. Mas o que parece um enorme paradoxo, está associado à desvalorização da moeda nacional, à alta do dolar e ao encarecimento dos insumos necessários à agricultura. Acrescente-se ainda o aumento das exportações, o que reduz a oferta para o consumo interno. Entre as muitas adversidades econômicas, a perda de controle da inflação é o que há de mais danoso para a sociedade. Corrói o poder de compra dos trabalhadores. Na atual conjuntura, com quase 14 milhões de desempregados, a situação se agrava exponencialmente. Vale lembrar que o auxílio emergencial, concedido aos mais de 38 milhões de invisíveis, na fase mais crítica da pandemia do novo coronavírus, vai acabar. O risco de a perversa combinação de desemprego e fome assumir contornos dramáticos é muito alto.Os investimentos nacionais e estrangeiros estão retraídos. Não à toa. O governo não apresenta propostas sólidas para romper o marasmo econômico em que o país está mergulhado. Há menos de uma semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cobrou do Executivo a agenda para o próximo ano. Não teve resposta. As eleições municipais também somam para a paralisia do Legislativo — deputados e senadores estão em recesso branco para participar das disputas municipais que terão o primeiro turno no próximo fim de semana. Não fosse a pressão de empresários e de alguns setores organizados da sociedade, o Senado não teria derrubado os vetos do presidente à prorrogação da desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores da economia até 2021.


A alta inflacionária é sinal de que a equipe econômica tem de se mexer e agir para manter sob rédeas curtas o dragão. As reformas estruturais — administrativa e tributária — tão alardeadas seguem paradas no Congresso. A base parlamentar de apoio do Executivo briga pelo comando da Câmara dos Deputados e deixa de lado o que seria essencial para a retomada do crescimento econômico do país. Ante alertas são veementes, impõe-se que o Executivo assuma o comando do país e evite o aprofundamento da recessão e que haja um retorno ao passado, não muito distante, em que a inflação descontrolada levou o Brasil ao caos.

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