Vivemos tempos difíceis, é fato. Os problemas são aos montes e em diversas frentes. Estamos no meio de uma grande crise sanitária, que provocou um maremoto nas economias do mundo globalizado, sem sequer termos ideia de quando tudo começará a voltar ao eixo da normalidade, tendo em vista que a temida segunda onda é uma realidade nos países do Hemisfério Norte. São nesses momentos de grande tensão social que surgem os grandes líderes, mas, infelizmente, presenciamos o oposto, com o estímulo à divisão e ao radicalismo.
Vamos pegar, por exemplo, o desfecho da eleição norte-americana. Antes mesmo da virada de Joe Biden se concretizar, o presidente derrotado Donald Trump passou a atacar o sistema eleitoral, dizendo-se vítima de uma fraude, mas sem apresentar provas concretas. Isolado entre os republicanos, continuou o discurso de “nós ganhamos” contra “eles roubaram”. Reportagem do The New York Times, no entanto, desmascarou a bravata trumpista. Até agora, não há indício de irregularidade em nenhum dos estados, apesar da recontagem de votos — obrigatória em algumas situações.
Por aqui, o presidente Jair Bolsonaro pegou carona nas bravatas de Trump. Ameaçou usar “pólvora” contra a maior potência do planeta e também sinalizou que devemos deixar de ser “maricas” ao fazer menção à pandemia que matou 164 mil brasileiros em pouco mais de nove meses. É justamente o que o país não precisa no momento: recorrer à homofobia para estimular a população a deixar de lado as medidas de precaução contra o novo coronavírus. Precisamos de planejamento, isso sim. Para não se repetir em 2021 o que ocorreu em 2020: nem vidas foram salvas nem a economia passou incólume. Ficamos no limbo.
Ter os próximos passos em mente é fundamental. Mas estamos quase na segunda quinzena de novembro e não há, no Congresso, sinais de que o Orçamento do ano que vem será votado. Nem a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, que estabelece as bases para os gastos do governo, foi apreciada. Como crer em dias melhores assim? A classe política não deveria estar unida em nome da nação? É hora de deixar as bravatas de lado. Provocações e fanfarronices não cabem no atual momento político/econômico.
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