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Correio Braziliense
postado em 12/11/2020 22:43 / atualizado em 12/11/2020 22:43

Efeito Orloff

Certamente, o fator decisivo para a vitória de Joe Biden sobre Donald Trump foi a capacidade do ex-vice-presidente de encarnar o que mais os Estados Unidos precisam hoje de um conciliador. O caminho para derrotar um extremista direita não é um extremista de esquerda, e, por isso, Bernie Sanders se perdeu pelo caminho durante as primárias e Biden recuperou sua vantagem moral com os votos dos negros na Carolina do Sul. O mesmo pode acontecer entre nós. O famoso efeito Orloff, eu sou você amanhã. Em 2018, o eleitorado queria sangue nos olhos e, por isso, o PT ainda conseguiu levar seu candidato Haddad ao segundo turno, menos por ele, que é um moderado, mais pela história do partido. Trump e Bolsonaro têm os mesmos arroubos autoritários que acabam sendo uma ameaça à democracia que lhes proporcionou chegarem aonde chegaram. Ambos se debatem contra instituições democráticas que limitam os poderes de um presidente da República, como é comum ocorrer na democracia ocidental. Ambos se colocam contra a imprensa livre e tentam constrangê-la com ataques e críticas. Ser popular não requer usar camisas de times de futebol, nem oferecer pão com leite Moça a uma autoridade que o visita. Nem fazer piada homofóbica, estimulando por exemplo um hábito brasileiro que deveria ser erradicado. É preciso uma política econômica que crie empregos, uma atitude séria diante da pandemia da covid-19, um governo sólido que dê aos cidadãos confiança no futuro.
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras

Trump

Trump, aquele senhor truculento, de ego inflamável, sem empatia e compaixão, nega-se a ceder a vaga concedida ao cidadão Biden, eleito pela grande maioria dos eleitores americanos. A justificativa é que houve fraude no sistema de apurações dos votos. Há meses, prevendo a real possibilidade do fracasso, vinha afirmando que haveria fraude na eleição. A seu favor, claro, não haveria. O ano de 2022 vem logo ali. Esperamos que a moda não pegue aqui. Incitar mau agouro numa coisa que vem dando muito certo, que é vanguarda e serve de exemplo para o mundo, a nossa urna tupiniquim, acredito não ser uma boa. Não precisamos retroagir.
» Vilmar Oliva de Salles,
Taguatinga


Eu vou...

Eu vou para Nova York, eu vou
Eu vou invadir a praça, eu vou
Com bananas de dinamite, eu vou
Eu vou derrubar a estalta, eu vou.
Se ninguém quiser ir comigo, eu vou só
Eu vou só, eu vou só...
» Thelma B. Oliveira,
Asa Norte


Destino

O destino é implacável. Não espera soluções. Não promete dádivas. Nem amores graciosos. O destino fere a alma. Não brinca em serviço. Quando molestado por ilusões. Concede perdão aos que enfrentam tédio e dissabores. Mistura-se com a bondade. O destino gosta de quem repudia a hipocrisia e a maldade. Não interfere na vida dos fracos e sonolentos. O destino veste homens e mulheres que agasalham a vida com amor e esperança.
Vicente Limongi Netto,
Lago Norte


Futebol

Na quarta-feira (11/1)1, no Maracanã, aconteceu um fato que, quem joga ou jogou futebol, sabe muito bem que se chama “mascarado”, ou seja, é aquele jogador que está dando os primeiros passos e já pensa que é o melhor do time. Acompanhando os jogos anteriores do Flamengo, já tinha notado a diferença na forma do goleiro entregador em chutar a bola. Então, o que ocorreu no Maraca estava dentro das minhas previsões e achei muito legal, por ser vascaíno. No lado político, o “mascarado” é o atual presidente do país, pois só abre a boca para dizer asneiras, as quais poderiam até ser bem recebidas se fossem proferidas em um ambiente próprio, como exemplo um “boteco pé sujo”, com todo respeito a essa atividade.
» Montesquieu T Alves,
Lago Norte

Pólvora

Depois que o presidente Bolsonaro falou a frase “Quando acabar a saliva, tem que ter a pólvora”, fazendo referência ao que Joe Biden sinalizou durante a campanha, “que o Brasil poderia sofrer consequências econômicas se não impedisse a destruição da Floresta Amazônica”, eu passei por maus bocados. O meu tio Genaro, 93 anos, com a lucidez afetada, pegou a sua espingarda cartucheira, que guarda como relíquia desde 1950 — acredito eu que nem funciona mais — e começou dar um trato, fez uma limpeza invejável. Perguntei-lhe: por que essa limpeza, tio? A resposta foi imediata: “Serei voluntário para defender a nossa floresta, sou patriota e quero juntar-me àqueles que estarão no combate”. Ousei dizer que, pela idade, ele não seria aceito como voluntário. Tive que correr para o meu quarto e fechar a porta, com medo da velha cartucheira. O tio Genaro ficou uma fera. Mas agora está tudo bem, ele foi convencido pelos familiares de que não haverá confronto e que as duas nações terão bom relacionamento. Às vezes, uma palavra causa um grande estrago.
» Jeovah Ferreira,
Taquari

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