Visão do Correio

Doenças crônicas e a covid-19

Correio Braziliense
postado em 20/11/2020 07:56 / atualizado em 20/11/2020 08:12

Com a pandemia do novo coronavírus avançando rapidamente no país — alguns infectologistas falam na chegada de uma segunda onda e outros garantem que ainda não saímos da primeira —, o sistema de saúde tem de lidar, também, com o aumento do número de portadores de doenças crônicas, mais vulneráveis a contrair a covid-19. Metade dos brasileiros com mais de 18 anos tem enfermidades crônicas que podem ser consideradas fatores de risco para o novo coronavírus, o que preocupa ainda mais a comunidade médica, às voltas com a possibilidade de sérias dificuldades no atendimento aos infectados, caso as taxas de contaminação explodam.

Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que as doenças crônicas constituem um dos mais graves problemas de saúde pública do Brasil. São responsáveis pela perda de qualidade de vida de 52% da população maior de idade, o surgimento de diversas incapacidades e elevados custos econômicos para a sociedade, além de acentuado número de mortes prematuras. O percentual das enfermidades consideradas crônicas teve crescimento desde 2013, último ano em que o IBGE fez levantamento semelhante.

O risco dessa parcela da população ficar mais vulnerável à covid-19 é real, por causa dessas comorbidades. Assim, medidas restritivas indicadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para conter a pandemia não podem ser negligenciadas. O isolamento social tem de ser seguido à risca, mas o que se vê em todo o país, principalmente nos fins de semana, são baladas com milhares de pessoas sem máscara e praias e espaços públicos lotados, entre outros abusos.

O estudo do IBGE revela que 38,1 milhões de pessoas convivem com a hipertensão arterial (23,9% do universo pesquisado). Em 2013, eram 21,1%. A depressão atinge 16,3 milhões de cidadãos. A estimativa é de que 10,2% dos maiores de 18 anos foram diagnosticados por profissional de saúde mental, contra 7,6% em 2013. A pesquisa estima que, em 2019, aproximadamente 23,2 milhões de brasileiros receberam diagnóstico médico de colesterol alto; 12,3 milhões tinham diabetes; 8,4 milhões apresentavam algum problema no coração; 3,1 milhões acidente vascular cerebral (AVC); e 4,1 milhões contraíram câncer.

As cifras assustam, uma que essas pessoas estão mais suscetíveis a serem infectadas pelo novo coronavírus. Além disso, com a chegada da covid-19, muitos deixaram de procurar atendimento médico adequado por estarem em isolamento social. Especialistas da área de saúde não escondem a preocupação com a dura realidade, mas entendem que os portadores de doenças crônicas não devem relaxar com o tratamento médico indicado. Porém, insistem que as medidas de combate à pandemia também não podem ser deixadas de lado.

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