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Exemplo a seguir

Exemplo a seguir

Correio Braziliense
postado em 25/11/2020 07:41 / atualizado em 25/11/2020 08:11

Cresce, no Brasil, a reação ao racismo escancarado e estrutural que não foi sepultado depois que os escravos foram libertados pela Lei Áurea, mas deixados à própria sorte pelos poderosos da época, no prelúdio do império, cujo regime escravocrata era um dos últimos do mundo. Acontecimentos recentes envolvendo o assassinato de um homem negro no Rio Grande do Sul, espancado até a morte por seguranças de um hipermercado, além de casos em outros estados, são atitudes racistas que merecem o repúdio da sociedade brasileira, mas que ainda perduram em pleno século 21.

Revelam que continuam existindo discriminação, preconceito, racismo estrutural e racismo em ações concretas, como a morte de João Alberto de Freitas na capital gaúcha. Porém, setores sociais se mobilizam em prol da iquidade racial. Caso de grandes indústrias que assinaram documento em reação ao assassinato do homem negro em Porto Alegre. As empresas que firmaram o documento são fornecedoras das redes de varejo e assumiram o compromisso com atitudes antirracistas.

A iniciativa das companhias merece aplausos, primeiramente, por reconhecerem a realidade do problema e admitirem que, diariamente, acontecem fatos que demonstram a existência do preconceito, das desigualdades e da exclusão. Propõem-se a criar um plano de ação, em parceria com organizações e especialistas que tratam da questão, que não pode ser ignorada pela sociedade. Estudiosos consideram a iniciativa inédita e que deveria ser seguida por outras entidades e corporações.

São incontáveis os casos de discriminação racial em todo o país, muitos não relatados às autoridades, o que contribuem para a impunidade. Exemplo recente é o de um padre de Alfenas, no interior de Minas Gerais, insultado por fiéis por ser negro. O clérigo chegou ao Sul de Minas há dois meses e, ao ser vítima das ofensas verbais, preferiu não dar queixa à polícia. Achou melhor o caminho da conscientização dos fiéis. “Eu acredito na força do amor, optei pelo desabafo, pela denúncia e por levar o nosso povo a se conscientizar de que nenhum tipo de preconceito é bem-vindo”.

Denúncias da prática de racismo não podem deixar de ser feitas pelos atingidos, publicamente e às autoridades competentes. Só assim os agressores sentirão o peso da lei. Foi isso que ocorreu em São Paulo, onde uma mulher foi presa por injúria racial e homofobia. Ela agrediu verbalmente funcionários e clientes de uma padaria e foi detida pela Polícia Militar, depois de ser denunciada.

Medidas como a adotada pelas empresas que se comprometeram com um plano de ação de combate à discriminação de qualquer natureza — e favorável à inclusão, diversidade e representatividade — devem ser seguidas e valorizadas. A verdade é que não há mais espaço para práticas que discriminem ou vitimizem pessoas negras, no Brasil e no mundo.

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