Pandemia é assunto para médicos sanitaristas
Um dos muitos males trazidos ao país pelo modelo de reeleição para os diversos cargos tanto no Poder Executivo como no Legislativo, pode ser conferido, mais uma vez agora, com a denúncia publicada em vários jornais, dando conta de que nada menos do que 7 milhões de testes para o diagnóstico do coronavírus, adquiridos ao preço de R$ 290 milhões, estão mofando há meses nos galpões do governo em Guarulhos, São Paulo, onde correm o risco de perderem a validade e se tornarem inócuos.
A relação perversa entre esses dois fatos está em que, por motivos puramente políticos, nessa pendenga envolvendo governadores e o presidente Bolsonaro, que cuida de sua reeleição desde o primeiro dia do mandato, fez com que o governo federal não repassasse aos estados os lotes para os testes. Esse jogo político mesquinho, em que o chefe do Executivo tenta desestabilizar todos aqueles governantes que não se alinham prontamente com ele, pode custar mais alguns milhares de vidas.
A tentativa de empurrar a culpa para os governadores, não colou, já que cabe ao Ministério da Saúde cuidar para que esses milhões de Kits, considerados como de alto padrão de eficácia, sejam distribuídos para cada membro da federação. Com essa atitude irresponsável e que pode custar ao presidente acusações de crime de responsabilidade, fica novamente demonstrado o altíssimo grau de danos que o instituto da reeleição tem causado aos brasileiros, colocados nessas disputas, como meros chanceladores de um tipo de jogo que só beneficia os próprios jogadores. Nesse tabuleiro sinistro, a população é sempre colocada como o peão a ser sacrificado para a vitória daqueles que se lixam para os altos custos de suas ambições políticas. O ministério da Saúde, que numa situação dessa gravidade poderia ser confiado, mesmo que extraordinariamente, a um sanitarista de renome, com experiência em casos de epidemia, foi empurrado, literalmente, para um general, especialista, segundo dizem, em logística e cuja a vivência no setor de saúde é absolutamente nenhuma.
Mesmo assim, nessa questão de distribuição de kits de testes, o que se requeria, primeiramente era o trabalho de um entendido em problemas de logística. Era preciso fazer chegar, onde seriam necessários, esses exames precisos, para que, ao menos as autoridades tivessem um quadro mais exato do tamanho do estrago que essa pandemia vem causando aos cidadãos.
Nessa missão, também o general falhou e foi derrotado por forças que talvez nem suspeite que existam, mas que estão acima de seu poder de mando, já por demais desgastado pelo próprio presidente, seu comandante. Mais uma vez, a questão da pandemia é colocada sob a redoma das disputas políticas, mesmo com um placar de 170 mil mortes apenas decorrentes da primeira onda da doença.
Depois das disputas políticas em torno das vacinas, o que se espera é que as autoridades federais deixem de lado a questão da pandemia, que é um assunto sério demais para políticos.
A frase que foi pronunciada:
“A guerra vai continuar até que a natureza nos chame e torne inevitável a nossa civilização.”
Pepe Mujica, ex-presidente e ex-senador Uruguaio
Registro
» Não é propaganda, é um fato que precisa ficar registrado na história desta cidade. O restaurante Dom Filé, além da comida maravilhosa, na entrega em casa, deixa um bilhetinho assinado pelo dono dizendo que é bom ter você como cliente. Criticamos quando precisamos criticar. Mas, por favor, deem licença para o elogio.
Insegurança
» Volta às aulas. A criançada volta para a escola usando máscara durante 4h seguidas ou mais, com três pausas para a troca do aparato. Se os casos da covid aumentam, se há uma segunda onda, ou não há mais tanto perigo de contaminação ou não há como compreender os movimentos de volta ao normal. Verdade é que a negação do presidente Bolsonaro à gravidade da doença parece fazer sentido agora, já que as informações são desencontradas e a causadora de tudo, intocável.
Pesquisa
» DataSenado ouve brasileiros sobre o 14º salário emergencial para aposentados. O advogado Sandro Gonçalves entregou nas mãos do senador Paulo Paim a Sugestão Legislativa. Oitenta e sete por cento dos entrevistados foram favoráveis. Vejam a pesquisa no blog do
Ari Cunha.
Coragem
» Ninguém pode negar que o ministro das Comunicações, Fábio Faria, tem coragem. Não deve ser fácil ver o país comprado e afirmar que um dos produtos impostos tenha a característica de tocar na soberania nacional. Vamos acompanhar esse importante passo do governo federal. O relator do edital do 5G na Anatel é o conselheiro
Carlos Baigorri.
História de Brasília
Novas unidades escolares estarão funcionando. São escolas com 10 salas, com a diferença de que a administração não é separada como as superquadras. As primeiras oito serão iniciadas nestes próximos dias, e se cabe reivindicar alguma para alguém, que vá uma para a Coreia e outra para JK. (Publicado em 19/01/1962)
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